A embaixada portuguesa nos Estados Unidos realizou uma conferência virtual com vários especialistas sobre o clima, em que se destacou a necessidade de reforçar a cooperação internacional e de acrescentar o problema dos oceanos nas prioridades mundiais.

A conversa foi moderada pelo embaixador de Portugal em Washington, Domingos Fezas Vital, e contou com a participação de especialistas europeus e norte-americanos, para discutir novas alianças transatlânticas antes da conferência climática da Organização das Nações Unidas, conhecida como COP26, em Glasgow, em novembro.

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Para o embaixador português, esta sexta feira foi dia “de celebrar”, devido à reentrada dos Estados Unidos no Acordo de Paris, depois da saída ordenada pelo ex-Presidente Donald Trump. Os compromissos assumidos de novo pelos EUA junto da comunidade internacional dão asas para “maiores expectativas” para uma aliança transatlântica para o clima, que junte também esforços internacionais, disse o embaixador.

Na União Europeia, a presidência portuguesa está comprometida a fazer todos os progressos possíveis no diálogo para uma nova lei climática para assegurar que a Europa é o primeiro continente neutro em carbono até 2050“, declarou Domingos Fezas Vital.

Stavros Lambrinidis, embaixador da União Europeia nos Estados Unidos, declarou que “a Covid-19 é uma batalha imediata, mas as alterações climáticas e perda da biodiversidade são os desafios determinantes do nosso tempo“.

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Segundo Stavros Lambrinidis, a União Europeia tem um conjunto de propostas para a administração de Joe Biden, entre as quais assumir um objetivo de emissões zero até 2050, uma nova agenda ecológica e sustentável para o comércio transatlântico e uma aliança tecnológica verde.

Sue Biniaz, da equipa do enviado presidencial norte-americano para o clima, John Kerry, partilhou algumas expectativas dos EUA para atingir na conferência da ONU COP26 em novembro deste ano, como um compromisso de acabar com o excesso de emissões poluentes até 2050, a criação de estratégias definidas e o aumento de financiamento para países vulneráveis. Para a responsável, a recuperação, depois da pandemia que afetou todo o mundo, tem de ser inclusiva e alinhada com os objetivos do Acordo de Paris sobre o clima.

Dan Lashof, diretor do World Resources Institute (Instituto Mundial de Recursos) nos EUA, acrescentou que devem ser encontradas “soluções ambientais baseadas nos oceanos“. Tiago Pitta e Cunha, CEO da fundação Oceano Azul e membro da missão da Comissão Europeia dedicada aos oceanos, sublinhou que os oceanos têm de se tornar parte da agenda mundial para as alterações climáticas.

Se se compreender a interação entre oceanos e clima, não é possível abordar as alterações climáticas sem pensar em oceanos viáveis. A crise dos oceanos vai pôr a viabilidade das águas em jogo nas próximas décadas, por causa da subida da temperatura das águas e saturação de dióxido de carbono”, declarou Tiago Pitta e Cunha.

Os oceanos têm de ser o tema central para um novo grupo de trabalho e para uma aliança entre Europa e Estados Unidos, destacou também o presidente executivo da fundação Oceano Azul. Na inexistência de um “modelo científico” para os oceanos, o tema deve ser visto como uma “ameaça existencial” que põe em causa, por exemplo, os países insulares e pode ter grande impacto nas áreas dependentes da agricultura, rematou.

A chefe para assuntos globais e inovação na delegação da União Europeia em Washington, Mercedes García-Pérez, destacou que há dois princípios básicos que se espera ver na conferência COP26 em relação aos planos e estratégias que poderão vir a ser estabelecidos: ambição e transparência.

Mercedez García-Pérez apelou a um maior apoio aos países especialmente vulneráveis às alterações climáticas, que contribuem menos para as alterações climáticas, mas sofrem mais. A conferência da ONU para o Clima COP26 deverá realizar-se em novembro em Glasgow, na Escócia, depois de ter sido cancelada no ano passado devido à pandemia de Covid-19.

Domingos Fezas Vital concluiu que tem de ser aproveitado e reforçado o consenso observado sobre os vários assuntos relativos às alterações climáticas e que é possível prever uma forte cooperação entre Europa e América.