Existe uma grande proximidade entre a Aston Martin e a Mercedes, que possui 20% da marca britânica, pelo que foi sem surpresa que Tobias Moers, até então o CEO da AMG, a divisão desportiva da marca alemã, foi apontado para assumir a posição de CEO do construtor inglês. Agora que Moers, depois de conduzir o Valkyrie em pista, confirmou que o mais possante e rápido dos desportivos da Aston Martin começará a ser entregue em meados do ano, eis que surge a notícia de que o Valhalla vai abrir mão do 3.0 V6 que tinha prometido, substituindo-o pelo 1.6 V6 derivado da F1, o mesmo que motoriza o Mercedes-AMG One.

Desde que os novos accionistas passaram a controlar a Aston Martin, a influência da Mercedes cresceu dentro da marca britânica. Tudo porque o empresário “salvador”, o canadiano Lawrence Stroll, é o mesmo que controlava a equipa de F1 Force India, entretanto rebaptizada Racing Point Force India e, para a presente época de 2021, Aston Martin F1 Team. Mas como os motores são os Mercedes 1.6 V6, apontados como os melhores da grelha, é natural que os ingleses se sintam impelidos a estender aos alemães algumas cortesias, como por exemplo ajudar a recuperar o enorme investimento realizado pela Mercedes para transformar o motor de F1 de 2014 numa unidade motriz híbrida capaz de equipar um hiperdesportivo de estrada, cumprindo de caminho todas as normas de poluição e ruído.

O motor original concebido para o Valhalla era um 3.0 V6 biturbo, desenhado pela Aston Martin como um “Hot V” e produzido pela Cosworth, que já tinha feito o 6.5 V12 atmosférico. O construtor britânico chegou a avançar que o V6 era metade do V12, que é bom recordar foi concebido como modular, a partir de um bloco de três cilindros. O objectivo era atingir 800 cv da unidade a gasolina, que depois seria reforçada com mais 200 cv provenientes de um motor eléctrico, para atingir a emblemática fasquia de 1000 cv.

Numa entrevista à Autocar, Tobias Moers vem agora mencionar a possibilidade deste motor, que estava concluído e em fase de desenvolvimento, ser substituído pelo 1.6 V6 turbo que a Mercedes usa no AMG One e que está atrasado há quase dois anos pela dificuldade de conseguir que um motor de F1 respeite as normas de emissões actuais (que estão continuamente a tornar-se mais restritivas).

O AMG One anuncia 1000 cv, pelo que os alemães deverão forçar a Aston Martin a ficar um pouco abaixo desta fasquia, o que levanta algumas dúvidas quanto à opção técnica. O Valhalla deveria começar a ser entregue em 2022, mas com esta substituição de motor deverá derrapar para 2023. O mais grave é que o novo motor não trará mais potência e será menos agradável do que o TM01, o nome de código do 3.0 V6 da Aston Martin. Veja-o aqui em funcionamento no banco de testes:

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