Mais de 40 países criticaram esta sexta-feira a Rússia, perante o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, pelo tratamento infligido ao principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, e aos seus apoiantes.

Numa declaração conjunta sem precedentes contra a Rússia, os signatários denunciam “a deterioração da situação dos direitos humanos e das liberdades fundamentais” naquele país, que consideram ser ilustrada pela “detenção e prisão ilegal de Alexei Navalny”.

Os países signatários pedem a “libertação imediata e incondicional” do opositor do regime do Presidente russo, Vladimir Putin, bem como a de “todos os detidos ilegal e arbitrariamente”.

Alexei Navalny, de 44 anos, regressou à Rússia, em janeiro, após uma convalescença na Alemanha para recuperar de um envenenamento pelo qual responsabiliza Vladimir Putin e os seus serviços de inteligência. Navalny foi detido ao chegar a Moscovo e enfrenta uma pena de prisão, de 18 meses, por violação de liberdade condicional, ao fim de quase uma década de desentendimentos com as autoridades russas.

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Os signatários do texto lamentam que o envenenamento de Navalny – com um agente tóxico nervoso do tipo Novichok projetado na era soviética, segundo o parecer de três laboratórios europeus – não seja objeto de uma investigação consequente e consideram que as ações da justiça russas são “inaceitáveis” e revelam “motivação política”.

Essas ações vão contra todas as obrigações internacionais da Rússia de respeitar os direitos humanos, incluindo o direito à liberdade e segurança das pessoas, bem como o direito a um julgamento justo”, explicou o embaixador da Polónia junto da ONU, em Genebra, Zbigniew Czech, em nome do grupo de países signatários.

“Estamos particularmente preocupados com algumas emendas legislativas recentes e com mudanças constitucionais que restringem ainda mais os direitos e as liberdades”, acrescentou Czech.

Esta declaração é tão histórica quanto a repressão na Rússia”, disse John Fisher, que dirige a organização não-governamental Human Rights Watch em Genebra, comentando o documento assinado por mais de 40 países.