Em ciência, nada se faz sozinho. Em diferentes partes do mundo, neste momento, milhares de investigadores trabalham em projetos cujos resultados servirão de complemento a outros grupos. Uma experiência bem sucedida num laboratório do Rio de Janeiro pode ser decisiva para um avanço científico numa universidade de Tóquio.

Há cerca de cinco anos, no Porto, esta conjugação de esforços paralelos e independentes também ocorreu. Mas no mesmo instituto de investigação, com poucos metros de distância.

O trabalho desenvolvido pela equipa de Rita Mota com a Cyanothece, uma microalga descoberta numa praia da ilha de Zanzibar, no oceano Índico, revelou-se fulcral para complementar a investigação em que Fabíola Costa estava a trabalhar. Rita descobriu que o polímero extraído da cianobactéria marinha poderia ter propriedades isolantes, impedindo a aderência de microrganismos. Fabíola procurava há muito soluções para proteger dispositivos médicos que se introduzem no corpo humano (como sondas ou próteses), para impedir o desenvolvimento de infeções.

O resultado desta conjugação de esforços chama-se AntiBioCoat, um revestimento que Fabíola Costa está a aplicar em cateteres urinários para inibir a aderência de bactérias àqueles dispositivos. Se tudo correr bem, os cateteres com este revestimento (cujo fabrico já foi testado numa empresa de Braga) poderão evitar milhões de infeções hospitalares – e poupar muitas horas de sofrimento a milhões de doentes.

Leia aqui a história deste projeto.

Este artigo faz parte de uma série sobre investigação científica de ponta e é uma parceria entre o Observador, a Fundação “la Caixa” e o BPI. O projeto AntiBioCoat – Anti-adhesiveBiopolymerCoating, liderado por Fabíola Costa, do Instituto Nacional de Engenharia Biomédica (INEB), integrado no consórcio i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde, foi um dos vinte selecionados (dois em Portugal) – entre 85 candidaturas internacionais – para financiamento pela fundação sediada em Barcelona, ao abrigo da edição de 2018 do programa Caixa Impulse. A investigadora recebeu 100 mil euros. O CaixaImpulse promove a transformação do conhecimento científico criado em centros de investigação, universidades e hospitais em empresas e produtos que geram valor para a sociedade. As candidaturas para a edição de 2021 encerraram em outubro e para a edição de 2022 deverão abrir no próximo verão (data a anunciar).  

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