Uma análise feita pela agência pública Public Health England (PHE), responsável pelo acompanhamento e combate a doenças infecciosas, concluiu que a administração de vacinas contra a Covid-19 no Reino Unido já evitou a morte de pelo menos 10.400 pessoas com 60 anos ou mais.

O número de mortes evitadas na faixa etária dos 80 anos ou mais devido à administração da vacina é especialmente relevante: terão morrido menos 9.100 pessoas do que as que morreriam sem a existência de vacinas. Na faixa etária dos 70 aos 79 anos terão sido evitadas 1.200 mortes e na faixa etária dos 60 aos 69 anos terão sido evitados 100 óbitos.

A análise, citada pela estação britânica de televisão Sky News, abrange o período que vai de 8 de dezembro até ao fim de março, tentando perceber o impacto da vacinação na mortalidade da Covid-19. Durante este período foram administradas mais de 15 milhões de doses de vacinas a adultos com 60 anos ou mais.

A análise comparou o número de mortes registadas com o número de mortes que seriam expectáveis se a vacina não tivesse sido dada durante este período. Para permitir que fosse incluído no estudo o fator do tempo necessário a que se desenvolvesse uma resposta imunitária à vacinação, a análise assumiu que seriam necessários 31 dias até que o efeito da vacina nas mortes pudesse ser observado”, refere o texto informativo publicado no site do Governo britânico.

A análise feita pela agência refere ainda que há “evidência crescente de que as vacinas ajudam [também] a reduzir a transmissão” do vírus, de acordo com a Sky News. Nessa medida, espera-se que o programa de vacinação em curso possa evitar ainda mais mortes, dado que além de criar anticorpos na população imunizada também desacelera a propagação do coronavírus e o ritmo de novos contágios.

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O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, já reagiu à análise da PHE. Na sua conta oficial nas redes sociais, partilhou uma fotografia que refere que “mais de 10 mil vidas foram salvas” e escreveu: “A ciência é clara: as vacinas salvam vidas. Uma nova análise da PHE mostra que as vacinas contra a Covid-19 já evitaram mais de 10 mil mortes”. Boris Johnson deixou ainda um apelo a quem é contactado para ser vacinado: “É importante que agendem a vacinação quando o NHS [Serviço Nacional de Saúde britânico] vos contacta”, ou seja, que a população aceite ser vacinada.

O ministro da Saúde inglês, Matt Hancock, também já reagiu à análise feita e difundida pela PHE. Citado num texto oficial publicado na página do Governo britânico, apontou: “É fantástico ver o impacto que o nosso programa de vacinação pioneiro já está a ter, com mais de 10 mil vidas poupadas num curto espaço de tempo. São mais de 10 mil famílias que não tiveram de sofrer a perda de um ente querido”.

A ciência é clara: as vacinas salvam vidas. Todas as três vacinas que aprovámos foram consideradas seguras e eficazes pelos nossos reguladores médicos independentes e de classe mundial. Os novos dados mostram também porque é tão importante que as pessoas recebam a segunda dose, também. Quando as pessoas receberem a chamada devem aceitar a vacina”, referiu ainda Matt Hancock.

A Inglaterra tem uma população apenas cinco vezes superior à de Portugal, aproximadamente, mas o número de vacinas administradas é muito superior — tal como o é se a comparação for feita com outros países da União Europeia.

O último relatório de vacinação divulgado pela DGS em Portugal apontava para quase dois milhões de vacinas administradas em todas as faixas etárias. Em Inglaterra, que tem uma população aproximadamente cinco vezes superior, já foram administradas mais de sete vezes mais vacinas só à população com 60 anos ou mais.