As crianças até aos nove anos são a única faixa etária em que os casos em vez de descerem estão a aumentar, disse André Peralta Santos, diretor dos serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde (DGS), na reunião de peritos do Infarmed, esta terça-feira.

Baltazar Nunes, investigador no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, confirmou que “há um aumento muito significativo da tendência nos grupos etários abaixo dos 9 anos, principalmente perto dos 5, 6 anos”. O especialista indica que este aumento coincide com a reabertura das escolas.

Nesse sentido, André Peralta Santos disse que tem havido uma “redução muito assinalável [no número de novos casos diários] em todos os grupos etários”, mas destacou “uma inversão da tendência e aumento na faixa etária dos zero aos nove anos de idade”, nomeadamente a partir de dia 15 de março, coincidindo com o momento em que reabriram as creches, ensino pré-escolar e 1.º ciclo.

Neste momento, acrescentou Baltazar Nunes, “há um estabilizar da incidência nestes grupos etários nas últimas semanas [até aos nove anos], mas também já se observa um aumento da incidência nos grupos etários dos 15 aos 19 e dos 10 aos 14”, ainda que com valores mais baixos do que nos grupos etários mais novos.

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Em relação à incidência acumulada a 14 dias, o perito da DGS destacou também um “aumento mais expressivo na população mais jovem”, nomeadamente as crianças, mas também nos adultos em idade ativa, dos 25 aos 50 anos.

Ainda durante a reunião, Henrique de Barros, investigador no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, que participou por videoconferência, mostrou-se preocupado com o aumento da incidência nos mais novos. “O cerco vacinal que está a vir dos mais velhos para os mais novos, deixa estas idades como as suscetíveis para a circulação do vírus”, diz o especialista.

Henrique Barros considera que “a frequência de infeção na comunidade escolar é semelhante entre profissionais e estudantes” e que “a variação de risco entre as turmas em contexto escolar semelhante sugere um papel importante de risco de infeção no espaço exterior”.

O especialista conclui ainda que as “medidas de mitigação no ambiente escolar funcionam e favorecem atividade letivas” e que “o risco de infeção está aumentado nas crianças e profissionais quando os contactos de risco ocorrem fora da comunidade escolar”.