O PSD apresentou esta segunda-feira um requerimento a pedir a audição na comissão de inquérito às perdas do Novo Banco de Rafael Mora, que foi sócio de Nuno Vasconcellos em vários negócios e administrador da Ongoing.

O requerimento assinado pelo deputado Hugo Carneiro justifica o pedido de audição com a inquirição “infrutífera” ao principal acionista e ex-presidente da Ongoing, Nuno Vasconcellos. Esta audição realizada na quinta-feira através de vídeo-conferência foi interrompida no final da primeira fase de perguntas conduzida pelo Bloco de Esquerda depois de os deputados e o presidente da comissão terem concluído que Nuno Vasconcellos não estava a responder às perguntas colocadas.

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Perante a “ausência aparente de colaboração” do principal acionista da Ongoing, um dos maiores devedores do BES/Novo Banco, o PSD pede a inquirição de um dos “seus principais sócios, que poderá trazer informação relevante sobre o grande devedor “Grupo Ongoing”.  O requerimento acrescenta que os valores não pagos ao BES/Novo Banco pelo Grupo Ongoing, contabilizados em cerca de 600 milhões de euros, justificam a tentativa de inquirição agora proposta.

Rafael Mora foi durante anos apontado como o braço-direito de Nuno Vasconcellos e até como o estratega dos investimentos na Ongoing, em particular na Portugal Telecom onde foi administrador. Mora era ainda o principal executivo da consultora Heidrick and Struggles Portugal através da qual esteve envolvido no desenho do modelo de governo de grandes empresas portuguesas, como o BCP e a EDP, bem como de políticas de remuneração dos seus administradores.

Mora afastou-se da Ongoing antes da insolvência, mas manteve-se na administração da sucessora da PT, a Pharol, até 2017. Nesta qualidade defendeu a venda da operação portuguesa da PT à Altice. A operação não evitou que um ano mais tarde a empresa brasileira entrasse em incumprimento da dívida, da antiga Portugal Telecom, penalizando centenas de investidores em Portugal. Mora foi também administrador da Oi da qual saiu também em 2017.

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Tal como Nuno Vasconcellos, Rafael Mora não residirá atualmente em Portugal, pelo que o agendamento da sua audição, caso seja aprovado, poderá envolver algumas restrições.

Depois de uma semana intensa de audições dos decisores envolvidos na venda do Novo Banco, esta semana, a comissão agendou oito inquirições, três das quais no mesmo dia, amanhã, a antigos responsáveis por órgãos de controlo interno da instituição bancárias. Serão igualmente ouvidos executivos ligados à seguradora GNB Vida, uma das vendas que mais perdas trouxe ao Fundo de Resolução.