As imagens do “Homem do Tanque” desapareceram do Bing, o motor de pesquisa da Microsoft, e a empresa diz ter-se tratado de um “erro humano”. Esta sexta-feira, no dia em que passaram 32 anos desde o Massacre na Praça da Paz Celestial, em que o governo chinês respondeu com força militar a manifestações populares pacíficas ocorridas em Pequim, várias pessoas reportaram o facto de terem pesquisado por “Homem do Tanque” e a mensagem que aparecia era “Não há resultados”.

Após a falta de imagens no Bing, rapidamente surgiram acusações de censura, exatamente no dia de aniversário dos protestos em Tiananmen e um dia antes do aniversário da data em que foi captada a imagem que ficou para a história — o momento em que um homem se colocou à frente de tanques para lhes travar o caminho. Vários utilizadores do Bing – do Reino Unido, aos EUA e a Singapura – reportaram o sucedido nas redes sociais.

O Microsoft Bing é um dos poucos motores de pesquisa estrangeiros disponíveis na China, já que as autoridades do país bloqueiam várias plataformas, nomeadamente o Facebook e o Twitter. O Massacre de Tiananmen continua a ser silenciado por Hong Kong, há censura ao tema nos motores de pesquisa que funcionam no país, mas estas restrições não costumam ser aplicadas noutros locais, o que desta vez acabou por acontecer.

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Tiananmen. O “Homem do Tanque” nasceu e morreu a 5 de junho — e tornou-se símbolo de um protesto maior do que ele

Apesar de o “Homem do Tanque” ter ficado eternizado em Tiananmen e no mundo, nada se sabe sobre o indivíduo. O momento em que se coloca à frente dos tanques só termina quando três pessoas decidiram correr, agarrar o homem e tirá-lo do meio da estrada. A identidade do homem que teve um ato heróico, se quem o retirou dali foram amigos ou inimigos e o que é feito deste homem são questões que continuam, mais de trinta anos depois, por responder.

Para a história fica a fotografia tirada a 5 de junho de 1989, quando Pequim atravessava a ressaca do que tinha acontecido na noite de 3 para 4. Nessa noite, milhares de estudantes foram expulsos à força de tanques da Praça de Tiananmen e, pelo menos, centenas de pessoas foram mortas a tiro por toda a cidade. Na verdade, o momento está eternizado por quatro imagens. Pelo menos quatro fotógrafos profissionais, Jeff Widener (Associated Press), Stuart Franklin (Magnum), Arthur Tsang (Reuters) e Charlie Cole (Newsweek), imortalizaram o momento em que um homem sozinho se coloca à frente de um tanque, como que impedindo-o de passar.