Cerca de 7.000 famílias fugiram das suas casas depois do ataque à aldeia de Solhan, no nordeste do Burkina Faso, que matou, oficialmente, 132 pessoas, anunciou esta terça-feira o Governo burkinabé.

“Notámos que há mais de 7.000 famílias que foram deportadas para Sabba”, a capital da província de Yagha, localizada a cerca de 15 quilómetros de Solhan, afirmou o primeiro-ministro do Burkina Faso, Christophe Dabiré, que visitou o local na segunda-feira.  Citado pela agência France-Presse (AFP), o chefe do Governo acrescentou que já foram tomadas as disposições para proporcionar a estes deslocados “um mínimo de conforto, alojamento e comida”.

Durante esta terça-feira, o porta-voz do Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Babar Baloch, afirmou, em Genebra, que cerca de 3.300 pessoas foram forçadas a fugir após o ataque a Solhan, incluindo mais de 2.000 crianças e de 500 mulheres. Estas pessoas “chegaram com poucos ou nenhuns bens” e a maioria tem sido “generosamente acolhida por famílias locais, que partilham o pouco que têm”, referiu então.

O porta-voz afirmou que o ACNUR e organizações parceiras no terreno, em colaboração com as autoridades locais, estão a criar 200 abrigos e a prestar assistência aos deslocados, mas “são necessários mais recursos para aumentar a assistência”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O ACNUR estima que o número de mortos no ataque da passada sexta-feira ascenda a 138 pessoas (fontes locais apontaram para 160 em declarações à AFP), naquele que é o ataque mais mortal no país desde 2015, levado a cabo, alegadamente, por radicais islâmicos. Por sua vez, o Governo regista 132 mortes.

Solhan é uma pequena cidade a cerca de 15 quilómetros de Sebba, a capital da província de Yagha – próxima das fronteiras com o Mali e o Níger -, que nos últimos anos tem sido palco de numerosos ataques atribuídos a rebeldes ligados à Al-Qaida e ao Estado Islâmico.

O ataque em Solhan no passado dia 4 assemelha-se a outro, na mesma sexta-feira, à noite, numa aldeia da mesma região, Tadaryat, no qual pelo menos 14 pessoas foram mortas. A espiral de violência fundamentalista no Burkina Faso fez mais de 1.400 mortos desde 2015 e deslocou mais de um milhão de pessoas.