Rúben Dias teve uma temporada verdadeiramente extraordinária. Depois de ainda ter começado 2020/21 ao serviço do Benfica, de se ter despedido dos encarnados e do Estádio da Luz enquanto capitão e em lágrimas contra o Moreirense, rumou ao Manchester City. Um Manchester City que estava a ter muitas dificuldades no início do novo ano, que estava a ter muitas fragilidades defensivas no início do novo ano e que ainda não tinha conseguido encontrar estabilidade no início do novo ano. Rúben, contra todos aqueles que provavelmente acharam que iria para Inglaterra para ficar sentado no banco, mostrou que é um dos melhores centrais do mundo.

Ganhou a Premier League, ganhou a Taça da Liga, chegou à Liga dos Campeões e foi considerado o melhor jogador da temporada em Inglaterra — tudo isto, novamente, na primeira época que cumpriu ao serviço dos citizens. Foi com essa bagagem, principalmente com uma bagagem formada por exibições enormes na Champions, que Rúben Dias se juntou à comitiva da Seleção Nacional há algumas semanas. Titular absoluto para Fernando Santos, o central de 24 anos já é claramente o herdeiro de Pepe e José Fonte e vai ser o patrão da defesa portuguesa assim que os dois terminarem as respetivas carreiras internacionais. Esta terça-feira, contra a Hungria, vai fazer a estreia em Campeonatos da Europa depois de ter estado no Mundial 2018 e na Liga das Nações — mas, apesar de ter completado uma temporada verdadeiramente extraordinária, não afasta a ideia de que o mais importante para chegar à vitória é o coletivo.

“Essencialmente, vai ser preciso repetir a máxima que eu tenho a certeza que nos guiou no Euro 2016: termos bem explícito, cada um de nós quando entramos em campo e quando representamos esta equipa, este país, que não vai haver o ‘eu’. O ‘eu’ não vai existir. Não vai haver espaço para ele. Vai ser o ‘nós’. Essa será a única maneira, tal como foi no Euro 2016 e em outras ocasiões. É a nossa única maneira de ver a competição”, disse o jogador em declarações ao site oficial da UEFA, onde acabou por atestar um espírito coletivo que tem sido muito fomentado por Fernando Santos desde que o selecionador assumiu o comando da equipa, em 2014.

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Rúben Dias falou também sobre o teórico “clique”, o momento em que Portugal deixou de achar que era possível conquistar troféus e passou a conquistar efetivamente esses troféus. “Acho que o clique não se pode caracterizar por um momento em especial. É o conjunto do trabalho que já vem a ser feito desde há muitos anos e também, sem dúvida alguma, aquilo que são as características do jogador português, o talento do jogador português. Depois é juntar isso à vertente ‘nós’, à vertente ‘equipa’. Nós temos muito talento mas nenhuma equipa com todo o talento do mundo faz alguma coisa sozinha. Acho que uma das grandes razões para o sucesso desta equipa tem sido a maneira como, especialmente quando chega esta altura, a altura das decisões, pomos a equipa à frente de tudo o resto e conseguimos juntos fazer alguma coisa”, acrescentou o central do Manchester City.

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O jovem jogador formado no Benfica falou ainda sobre a sensação de participar numa competição deste nível e garantiu que todos os jogos, independentemente do adversário ou da fase do torneio, têm “um caráter especial”. “Eu felizmente tive a oportunidade de participar no Mundial 2018 e, se há coisa que já partilhei com um e outro colega e mesmo até com as pessoas mais próximas de mim, é que a competição não é só especial de se ver, também é especial de se jogar. Cada jogo que tu jogas, quer seja na fase de grupos ou depois da fase de grupos, tem um caráter especial. Seja contra quem for. No Mundial 2018 apanhámos um grupo que teoricamente não era extremamente difícil e acho que foi bem visível a dificuldade de cada jogo. Acho que é bem visível o que a competição acarreta”, disse Rúben Dias. Nesse Mundial, na Rússia, Portugal foi eliminado nos oitavos de final pelo Uruguai depois de ter ficado no segundo lugar de um grupo que também tinha Espanha, Irão e Marrocos.

“Outro fator é o estádio cheio. Isso traz uma dimensão diferente ao jogo. Temos noção de que nenhum jogo vai ser mais fácil do que o outro, até porque a própria competição assim o exige. Para cá chegar, ninguém teve um caminho fácil e se cá chegaram foi porque fizeram por merecê-lo. Por isso, a concentração é máxima, o foco é máximo e sabemos que teremos de estar no nosso melhor”, terminou o central português, sublinhando então o facto de o Puskás Arena, esta terça-feira, ir contar com cerca de 60 mil adeptos nas bancadas.