Um dia antes da apresentação oficial da recandidatura de Rui Moreira à Câmara do Porto, Filipe Araújo, vice-presidente do município desde 2017 e membro da direção da associação cívica Porto, o Nosso Movimento , fala ao Observador de ambição nos resultados, do polémico Caso Selminho e de outros candidatos, quer discutir ideias com partidos e espera “uma campanha eleitoral elevada”. O evento de apresentação estava inicialmente marcado para esta quinta-feira, às 19h, no Mercado Ferreira Borges, mas pelo número de pessoas presentes ser maior do que o previsto a sessão irá acontecer no Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota.

Numa entrevista realizada no exterior do edifício da câmara municipal, por vontade do próprio, Filipe Araújo afirma que renovar a maioria absoluta conquistada nas últimas eleições autárquicas faz  parte da ambição da associação cívica Porto, o Nosso Movimento. “Não seria correto não ambicionarmos ter o melhor resultado de sempre e isso poderia obviamente reconduzir a uma maioria absoluta. Governámos com maioria no executivo neste ultimo mandato, na assembleia municipal não tivemos maioria. Ambicionamos ter o melhor resultado possível.”

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Assombrado pelo Caso Selminho, no qual Rui Moreira será julgado, Filipe Araújo garante que o processo judicial “não fragiliza” a recandidatura do independente ao Porto.

“Penso que não fragiliza [a recandidatura], é um caso tão bem explicado, onde se percebe muito facilmente que em nada beneficiou, nem a ele, nem à sua família. Acho que os portuenses entendem muito bem quando há outra coisa que lhes querem explicar e que não é a verdade.”

Para o “Porto, o Nosso Movimento” este é um tema “que não pesa”, uma vez que já em 2017 “esteve presente” em plena campanha eleitoral. “Há um aproveitamento de alguns partidos em relação a esse tema, já o tornaram público, outros já disseram que não o vão abordar. Os portuenses estão informados sobre a situação.”

Sobre a escolha atribulada de um candidato ao Porto pelo Partido Socialista, que começou por avançar o nome de Eduardo Pinheiro, mas acabou por oficializar o Tiago Barbosa Ribeiro, deputado e líder da concelhia, Filipe Araújo, quer essencialmente dialogar e discutir ideias com o adversário.

“Não posso dizer que o conheço ao mesmo nível de Eduardo Pinheiro, mas sei as capacidades do Tiago Barbosa Ribeiro. O PS encontrou aquele que era o candidato que achava que nesta altura devia ter e com o qual queremos discutir ideias. É isso que queremos nos próximos tempos.”

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Sobre possíveis acordos futuros, o vice-presidente da autarquia considera que é um assunto “prematuro”, mas sublinha a capacidade do movimento liderado por Rui Moreira em “fazer arranjos” com qualquer força política.

“Como ficou bem patente nos últimos anos, soubemos sempre colocar os interesses do Porto à frente de qualquer partido. Fizemo-lo com vários governos e de várias cores. Não temos o problema, que normalmente se põe no panorama político nacional, de pensar: com quem vamos conseguir fazer algum arranjo? Não temos essa questão, não temos preconceitos.”

Relativamente à intenção do PSD/Porto fazer uma queixa à Comissão Nacional de Eleições por uma funcionária da câmara ter usado a página oficial do Facebook da “Feira do Livro do Porto” para partilhar um post de lançamento da campanha de Rui Moreira, Filipe Araújo assume que o caso advém de um erro e que espera “uma campanha elevada”.

“Estamos convictos que vamos discutir ideias, se os partidos não quiserem discutir ideias, então será o povo a decidir. As pessoas percebem muito bem onde é que os partidos às vezes querem chegar quando se começa a discutir este tipo de coisas. Este é um caso aso que advém de erro de uma funcionária, não vale a pena crucificá-la. A campanha deve ser elevada, esperamos ter do lado dos partidos esse comportamento”, finalizou.