O ministro da Defesa considerou esta quarta-feira que os portugueses reconhecem nas Forças Armadas “um seguro contra todos os riscos ou contra muitos deles”, destacando a preocupação dos cidadãos, evidente num estudo, com a capacidade de resposta em ciberdefesa.

João Gomes Cravinho discursou esta quarta-feira no encerramento da apresentação das conclusões do “Inquérito à População Portuguesa sobre questões de Defesa e Forças Armadas”, uma parceria entre o Instituto da Defesa Nacional (IDN), a Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN), o Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e o Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-Nova).

“Uma boa notícia é que a maioria dos inquiridos consideram que as Forças Armadas servem para muito mais do que fazer a guerra no sentido convencional do termo”, enalteceu.

Embora “a primeira missão” – e aquela que merece mais apoio neste estudo – seja a defesa do território nacional, “logo a seguir vêm missões de resposta a emergências, de ajuda humanitária no exterior, ou genericamente de apoio à população civil”. Outro dos aspetos fundamentais deste estudo, segundo Gomes Cravinho, é que os “portugueses reconhecem nas suas Forças Armadas um seguro contra todos os riscos ou contra muitos deles”.

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“Na perceção de ameaças dos portugueses destacam-se o temor de uma grave crise económica; de uma nova pandemia; da desinformação e dos ciberataques, mas também das alterações climáticas ou ataques terroristas”, elenca. Para o governante, “é razoável pensar que, pelo menos em parte, estas perceções são condicionadas pelo contexto atual, dominada pelas várias dimensões da crise provocada pela pandemia”.

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“Mas também é verdade que as portuguesas e os portugueses parecem perceber algo que os especialistas em segurança internacional reconhecem e sublinham: que as grandes guerras convencionais, diretamente entre Estados, tornaram-se — até pela força de dissuasão da Aliança Atlântica — uma realidade muito rara, menos provável. O que proliferam são ameaças e riscos de tipo não convencional, irregular e muitas vezes inesperado”, referiu.

Entre as preocupações dos portugueses que este inquérito deixa evidentes está, segundo Gomes Cravinho, a capacidade de resposta em termos de ciberdefesa, “uma prioridade e uma preocupação por toda a Europa”.

De acordo com o ministro,” 69% dos interrogados consideram que o mundo será mais perigoso daqui a dez anos”, temendo que estes “tenham razão”. “Este dado em si mesmo não é positivo, claro, mas é fundamental partirmos de uma avaliação realista do mundo. E é positivo que, talvez por isso, os portugueses claramente apoiem um aspeto central da nossa política de defesa e da nossa política externa”, enfatizou.

A recolha de informação do estudo foi feita entre os dias 7 de janeiro e 24 de fevereiro de 2021, em período pandémico, o que pode ter tido impacto sobre os resultados “quer em virtude de uma maior perceção de ameaça à segurança, quer pela maior visibilidade pública das Forças Armadas devido ao papel de relevo que assumiram na estratégia de combate à pandemia”, de acordo com o documento disponibilizado.

“O universo foi constituído por cidadãos portugueses, de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 18 anos, residentes em Portugal Continental e Regiões Autónomas. A amostra abrangeu 1 509 entrevistas, com a distribuição, proporcional, por região NUTS II”, detalha ainda.