A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal afirmou esta sexta-feira que o relatório apresentado segunda-feira na Câmara de Matosinhos sobre o impacto do encerramento da refinaria reflete uma “tragédia social e económica a que ninguém pode ficar indiferente”.

Em comunicado, a CCT da Petrogal afirma que o relatório elaborado pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (FEP) indica que o encerramento da refinaria de Matosinhos é “um crime económico e social”.

“O relatório sobre a refinaria do Porto destapa uma tragédia social e económica a que ninguém pode ficar indiferente, sobretudo quem tem responsabilidade de governação nacional e local”, afirma.

O relatório, encomendado pela autarquia para avaliar os impactos socioeconómicos do fecho do complexo petroquímico, concluiu que o seu encerramento, em abril, representa perdas de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) em Matosinhos e de 1% na Área Metropolitana do Porto, e traça um “cenário particularmente grave” para a região Norte e para o país, caso não seja dado qualquer destino àquela instalação industrial.

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Criticando a FEP por “não questionar ou avaliar a veracidade das razões da administração” para o encerramento, a CTT exige a “reversão” do encerramento da refinaria e a anulação do despedimento coletivo.

“A CCT pretende retirar consequências deste relatório que vão muito para lá das pretensões da Câmara Municipal de Matosinhos, isto é, muito para lá de discutir os despojos da instalação, os seus terrenos”, salienta, acrescentando que “o despedimento coletivo em curso e com efeito a 15 de setembro para a maioria dos trabalhadores deve ser anulado de imediato e os trabalhadores integrados de acordo com as soluções que o Grupo de Trabalho venha a apontar”.

Considerando a “tragédia de tal dimensão”, a CCT salienta ainda o facto de o relatório estranhar a inexistência de uma posição por parte do segundo acionista direto da empresa e o silêncio do ministro do Ambiente e do Governo.

“O ministro do Ambiente e o Governo continuam a manter o silêncio, agora para tentar iludir que são tão responsáveis como a administração, na medida em que assumiram o patrocínio do encerramento da Refinaria, tendo o primeiro servido de porta-voz e arauto de tamanho desconchavo”, critica.

A CCT defende ainda que seria “um ato de honestidade” o primeiro-ministro “dar a cara e assumir as suas responsabilidades”, bem como endereçar “uma palavra que fosse” aos trabalhadores.

A Galp desligou a última unidade de produção da refinaria de Matosinhos em 30 de abril, na sequência da decisão de concentrar as operações em Sines.

A petrolífera justificou a “decisão complexa” de encerramento da refinaria de Matosinhos com base numa avaliação do contexto europeu e mundial da refinação, bem como nos desafios de sustentabilidade, a que se juntaram as características das instalações.

Após ter decidido o encerramento da refinaria, a Galp encetou conversas individuais com os 401 trabalhadores em causa, chegando a acordo com mais de 40%.

“Dentro desses, mais de 100 continuarão a sua atividade, quer no parque logístico de Matosinhos, que manterá as suas funções de abastecimento ao mercado de combustíveis do Norte do país, quer por via da mobilidade interna para as áreas das renováveis, inovação, novos negócios e também para a refinaria de Sines”, adiantou à Lusa, em maio, o administrador da Galp Carlos Silva.

Por outro lado, mais 30% do total dos trabalhadores da refinaria de Matosinhos irão manter-se, pelo menos, até janeiro de 2024, no âmbito das operações de desmantelamento e descontinuação.

O Estado é um dos acionistas da Galp, com uma participação de 7%, através da Parpública.