A UGT espanhola e os seus sindicatos que representam trabalhadores do Grupo Santander solidarizaram-se, esta quarta-feira, com os portugueses do Santander Totta e comprometeram-se a defender o fim do despedimento coletivo junto das administrações do grupo em Espanha.
Uma delegação da UGT de Espanha, que integrou dirigentes sindicais do grupo Santander naquele país, veio a Lisboa a convite da congénere portuguesa para se reunir com os três sindicatos da banca da UGT, Mais Sindicato, SBC e SBN e discutir o despedimento em curso.
No final do encontro, os sindicalistas espanhóis e portugueses emitiram um comunicado conjunto em defesa dos bancários do Banco Santander Totta (BST), onde “exigem que seja interrompido o despedimento coletivo anunciado”.
António Fonseca, presidente do Mais Sindicato, disse à agência Lusa que os sindicalistas espanhóis se solidarizaram com os bancários portugueses porque reconheceram que estes têm sido mais sacrificados na redução de pessoal e os seus sindicatos têm sido menos respeitados.
Referiu que em Espanha, em 2021, a redução de efetivos do Santander é de 15% enquanto em Portugal ronda os 25%.
“E em Portugal os sindicatos não têm a mesma capacidade negocial nestas situações e estamos perante um processo de grande agressividade e pressão, mesmo de assédio, que levam os trabalhadores do Santander a aceitar a rescisão do contrato, com medo do despedimento coletivo”, disse o sindicalista.
O presidente do Mais Sindicato lembrou que o processo de redução de pessoal do Santander não se enquadra num processo de restruturação, que tem limites legais, porque “não tem qualquer justificação para isso, pois continua a ter lucro”.
“Por isso os trabalhadores envolvidos estão completamente desprotegidos, ao aceitarem a rescisão não têm direito a subsídio de desemprego”, afirmou.
Os participantes na reunião de hoje salientaram “a importância do diálogo ibérico, para que a administração central Santander em Espanha saiba o que se passa em Portugal e como os responsáveis do BST agem, de forma completamente distinta e em completo desrespeito pelos trabalhadores, lançando uma profunda mancha negra na imagem do Grupo Santander”.
Segundo os três sindicatos portugueses, “este ano, o banco já reduziu em mais de 1.000 o número de efetivos e, em simultâneo, tem agências em que há falta de trabalhadores”.
Na terça-feira vários líderes sindicais internacionais corresponderam a um apelo da UGT e enviaram uma carta à presidente executiva do Grupo Santander em Madrid, a pedir-lhe que debata com os sindicatos portugueses uma solução que evite os despedimentos anunciados.
Os sindicatos do setor bancário disseram há uma semana que marcariam uma greve conjunta, ainda em setembro, se BCP e Santander Totta mantivessem a intenção de fazer despedimentos.
Os principais bancos portugueses estão a reduzir milhares de trabalhadores este ano (depois de o setor bancário ter cortado cerca de 15 mil postos de trabalho entre 2009 e 2020), sendo BCP e Santander Totta os que têm processos mais ‘agressivos’, nomeadamente intenção de despedimentos coletivos.
O Santander Totta pretende a saída de 685 trabalhadores. Fonte oficial do banco disse na semana passada à Lusa que já foi acordada a saída com mais de 400 trabalhadores (reformas antecipadas e rescisões por mútuo acordo). Havia 230 funcionários com os quais não tinha chegado a acordo, pelo que poderão ser abrangidos por despedimento, mas o número não é definitivo pois o processo não está fechado.
Os sindicatos têm acusado os bancos de repressão laboral e de chantagem para com os trabalhadores, considerando que os estão a forçar a aceitar sair por rescisão ou por reforma antecipada.
Os sindicatos também se têm reunido com o poder político, nomeadamente com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, grupos parlamentares e governantes, para pedir a sua intervenção contra os despedimentos.