A justiça francesa chamou-lhe “síndrome de turbina” após queixa apresentada pelos belgas Christel e Luc Fockaert, que alegaram que a sua saúde foi prejudicada por viverem a poucos metros de um parque eólico. O casal avançou para um processo em tribunal e acabou por ganhar e ser indemnizado em mais de 100 mil euros.

Durante mais de dois anos, o casal apresentou sintomas como dores de cabeças constantes, insónias, arritmia cardíaca, tonturas, zumbidos e náuseas, após eólicas serem instaladas a 700 metros de sua casa em Fontrieu, em Tarn, sul da França, refere a cadeia de rádio francesa franceinfo.

Christel e Luc Fockaer comparam o som com “uma máquina da roupa continuamente a torcer”.

“Não percebemos de imediato, mas dia após dia fomos percebendo que o problema vinha das turbinas. Os flashes das turbinas a cada dois segundos… precisámos de pôr luzes no exterior da nossa casa para neutralizar o efeito dos flashes”, explicou Christel Fockaer ao jornal britânico The Guardian.

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O parque eólico de seis turbinas foi construído a cerca de 700 metros da casa do casal no sul de França. As turbinas foram instaladas em 2008, no entanto, foi relatado que os sintomas só começaram cinco anos depois, após a floresta entre a primeira turbina e a casa ter sido destruída.

O casal confirmou que todos os problemas de saúde desapareceram quase de imediato após mudarem de casa em 2015. O tribunal de Toulouse recorreu a investigações científicas e afirmou que a “síndrome de turbina” existe e já tinha sido identificada.

No entanto, um estudo australiano afirma que os problemas de saúde frequentemente atribuídos às eólicas são, muito provavelmente, causadas pelo facto de as pessoas ficarem alarmadas pela disseminação de avisos deixados pelos ativistas contra este método de energia. Investigadores dizem tratar-se essencialmente de um fenómeno sociológico.

Segundo o The Guardian, o caso de Christel e Luc Fockaer foi inicialmente retirado do tribunal em janeiro de 2020, mas o casal recorreu, afirmando que o juiz ignorou os relatórios dos especialistas.

“Este é um caso invulgar e, tanto quanto sei, esta é uma decisão sem precedentes. Este caso não pode ser replicado. Este parque eólico causou um incómodo invulgar devido à sua configuração, mas cada caso é um caso e devem ser todos examinados de forma diferente”, divulgou à televisão francesa a advogada do casal, Alice Terrasse.

Terrasse acrescenta ainda que esta decisão deve servir de alerta para outras empresas que tencionam instalar parques eólicos junto a áreas habitacionais e que antes reflitam no impacto na saúde das populações locais.

Sasu, Margnes Energie and Sasu Singladou Energie, a empresa que gere o parque eólico, foi condenada a pagar e assegura que já mudou as luzes e a velocidade das seis turbinas.