Será provavelmente na próxima edição do Consumer Electronics Show (CES), em Las Vegas, cuja abertura ao público ocorre a 5 de Janeiro de 2022, que a Mercedes vai exibir o protótipo daquele que promete ser o eléctrico da marca mais eficiente de sempre. Isto porque o director de Operações Markus Schäfer serviu-se do LinkedIn para anunciar que, dois dias antes, será revelado o Vision EQXX, que antecipa um modelo compacto com a capacidade de percorrer mais de 1000 km entre recargas, em condições reais de utilização.

Ora, quando se sabe que o próprio EQS – o porta-estandarte da gama a bateria da Mercedes – (só) consegue anunciar mais de 700 km de alcance na versão apenas com um motor eléctrico e tracção traseira, e numa medição de acordo com o protocolo WLTP, ou seja, laboratorial e, por isso, necessariamente desfasado da realidade de utilização, parece que o construtor alemão está muito optimista quanto ao progresso que a sua marca conseguirá aportar.

Mais surpreendente ainda é a meta estabelecida para alcançar uma eficiência sem rival. Markus Schäfer aponta para um “consumo de um dígito de kWh/100 km em velocidade cruzeiro”. Seria, simplesmente, notável! Basta recordar que a melhor marca em WLTP da Mercedes remete para os 16,7 kWh/100 km da versão 450+ do EQS (bateria de 107,8 kWh). O EQA tem nos 17,9 kWh/100 km o seu melhor registo e até mesmo a referência até agora, o Tesla Model 3 RWD, marca um consumo médio de 14 kWh/100 km.

Portanto, para cumprir estas promessas, a Mercedes terá de “tirar um coelho da cartola”, o que será ainda mais complicado por a marca não produzir baterias próprias, tendo até aqui adquirido as células aos chineses. Tudo indica que a magia estará numa abordagem interdisciplinar do projecto, em que cada equipa perseguirá a máxima eficácia, inclusivamente em termos aerodinâmicos. A fasquia, neste ponto, é ficar abaixo dos 0,20 do EQS. Schäfer prefere, por isso, descrever o protótipo Vision EQXX como “um programa de tecnologia” em que as mais diferentes áreas – software, design, sistema eDrive, gestão da bateria, entre outros – não só se cruzam como trabalham lado a lado. Resta aguardar pelo produto final ou, numa fase mais imediata, pela revelação de quando é que está previsto o protótipo passar a modelo de produção em série.

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