O médico pedopsiquiatra Pedro Strecht vai ser o coordenador da comissão independente que vai estudar os abusos sexuais de menores ao longo das últimas décadas na Igreja Católica, anunciou esta terça-feira em comunicado a Conferência Episcopal Portuguesa.

De acordo com o comunicado, a estrutura receberá o nome de Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja.

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“A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) pediu ao Dr. Pedro Strecht, médico de psiquiatria da infância e adolescência, para coordenar a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos de Menores na Igreja”, lê-se na nota enviada aos meios de comunicação social.

Pedro Strecht, de 55 anos, é um dos mais conceituados pedopsiquiatras portugueses. Formado em medicina e especialista em Psiquiatria da Infância e Adolescência, coordenou diversos projetos de apoio e proteção de crianças.

Mais recentemente, estava já ligado ao combate aos abusos sexuais de menores na Igreja Católica, como membro da Comissão para a Proteção de Menores do Patriarcado de Lisboa, uma das 21 comissões diocesanas criadas entre 2019 e 2020 para dar seguimento às novas normas do Vaticano sobre a proteção das crianças.

A criação da nova comissão nacional foi anunciada no início de novembro pela Conferência Episcopal Portuguesa, após dois anos em que os bispos portugueses foram recusando ou adiando implementar uma medida destas — como, aliás, foi feito em vários outros países.

A nova comissão surge numa altura em que os abusos sexuais de menores no contexto da Igreja Católica voltaram a ser tema de destaque na sequência da publicação de um relatório em França, que estimou em mais de 300 mil as vítimas de abuso de menores na Igreja ao longo dos últimos 70 anos naquele país.

Para já, ainda não são conhecidas com pormenor as competências desta nova comissão e o grau de profundidade com que deverá atuar no “apuramento histórico” da crise dos abusos de menores em Portugal.

Até hoje, os bispos portugueses reconheceram apenas uma estatística composta por cerca de uma dezena de casos, classificados sempre como “pontuais”. Agora, o objetivo é que esta realidade seja estudada a fundo por uma comissão que “vai gozar de real independência para investigar as coisas”, garantiu a Conferência Episcopal.

O coordenador da nova comissão e o bispo de Setúbal, D. José Ornelas, que assume a presidência da Conferência Episcopal, vão dar uma conferência de imprensa na próxima quinta-feira, dia 2 de dezembro.