Os 12 missionários detidos no Haiti fugiram durante a noite de 15 de dezembro por entre guardas armados que dormiam e caminharam quilómetros por terrenos difíceis à noite sob o luar, avança a associação Christian Aid Ministries (CAM). No grupo havia uma criança de três anos e um bebé, embrulhado para que estivesse protegido das silvas.

Depois de várias horas a caminhar, o dia começou a nascer e eles finalmente encontraram alguém que os ajudou a fazer uma chamada para pedir ajuda”, esclareceu David Troyer, diretor geral da associação, em conferência de imprensa esta segunda-feira. “Eles estavam finalmente livres”, sublinhou.

Os associados do CAM angariaram fundos para um possível resgate, referiu David Troyer, sem mencionar se foi pago. “Depois de muitos dias de espera e nenhuma ação por parte dos raptores, Deus trabalhou de uma forma milagrosa, permitindo que os reféns escapassem”, acrescentou ainda.

Dezassete missionários – doze adultos e cinco crianças — tinham sido capturados depois de uma visita a um orfanato em Ganthier, no Haiti, a 16 de outubro. Cinco reféns foram libertados, e os raptores, que fazem parte do gangue 400 Mawozo, exigiram milhões de dólares em resgate.

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Na mesma conferência de imprensa, o porta-voz da CAM, Weston Showalter, explicou que apenas cinco ou dez minutos depois de saírem do orfanato, os missionários depararam-se com um bloqueio na estrada:“Eles não tinham ideia do que estava à frente deles”. O motorista do grupo percebeu que um camião os estava a perseguir e os membros do gangue cercaram o carrinha.

Enquanto estiveram presos, os missionários mudaram de esconderijo várias vezes. Não foram fisicamente magoados pelos sequestradores, salvaguardou Showalter, porém os lugares onde estiveram não tinham condições de higiene: eram quentes, com mosquitos e a água contaminada, o que levou alguns deles a desenvolver feridas e, às vezes, as crianças adoeciam. Os adultos recebiam pequenas quantidades de comida, como arroz e feijão ao jantar, mas os raptores davam bastante comida às crianças.

Neste momento, estão todos bem de saúde, garantiu o porta-voz. Durante o dia, os reféns reuniam-se para orações e, às vezes, quando estavam em salas separadas, cantavam alto o suficiente para que os outros conseguissem ouvir, informou também Showalter. Depois de dois meses em cativeiro, os missionários concordaram em tentar fugir.

Quando perceberam que era o momento certo, encontraram uma maneira de abrir a porta que estava fechada e bloqueada, seguiram silenciosamente para o caminho que tinham escolhido e rapidamente deixaram o local onde estavam detidos, apesar de vários guardas estarem por perto ”, descreveu Showalter.

Os 12 missionários foram levados para a Florida num voo da Guarda Costeira dos Estados Unidos e, mais tarde, reuniram-se com os outros cinco reféns que já tinham sido libertados. Na conferência de imprensa, nenhum dos missionários esteve presente.