Os pais que “veem orientações sexuais diferentes nos filhos” devem “acompanhá-los”, em vez de “se esconderem por trás de uma atitude de condenação”, disse esta quarta-feira o Papa Francisco, na sua audiência semanal no Vaticano, por entre vários comentários e conselhos tecidos sobre as dificuldades com que frequentemente se podem deparar pais e mães ao longo do processo de educação e criação dos filhos.

O apelo, avançado pela Reuters, surge na sequência de várias declarações públicas do Papa Francisco relativamente à comunidade LGBTI.

Em outubro de 2020, foi tornada pública a posição do representante máximo da Igreja Católica relativamente ao casamento civil entre pessoas do mesmo sexo: os “homossexuais têm direito a fazer parte de uma família”, disse o Papa no documentário “Francesco”, realizado pelo russo Evgeny Afineevsky e apresentado nessa altura no Festival de Cinema de Roma. “Do que precisamos é de uma lei de união civil. Dessa forma, estão legalmente assegurados”, acrescentou ainda o Papa, que, apesar de progressista, mantém a doutrina que diz que o casamento católico deve ser feito unicamente entre um homem e uma mulher e com a finalidade de gerar descendência.

Papa Francisco defende união civil de homossexuais como forma de os proteger

Em 2021, depois de ser tornado público que alguns padres, sobretudo nos Estados Unidos e na Alemanha, estavam a abençoar uniões de casais do mesmo sexo — e de lhe terem sido feito pedidos formais no sentido de os legitimar —, o Vaticano determinou em comunicado que esse tipo de bênçãos não estavam autorizadas e que não seriam consideradas lícitas caso fossem dadas. “Deus não pode abençoar o pecado”, dizia o texto.

Há pouco mais de um mês, um representante do Vaticano pediu desculpas ao New Ways, um grupo de defesa da comunidade LGBTQI católica nos Estados Unidos, por ter sido retirada a referência a um vídeo da instituição do site do Secretariado-Geral do Sínodo dos Bispos do Vaticano. “Ao caminharmos juntos, por vezes podemos cair. Mas o importante é voltarmos a levantar-nos com a ajuda dos irmãos e irmãs”, escreveu Thierry Bonaventura, o diretor de comunicação do Sínodo, para logo depois alargar o pedido de perdão a toda a “comunidade LGBT e aos membros do Ministério New Ways pela dor causada”.

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