A editora Ambos Anthos, responsável pela publicação em holandês de um novo livro que acusa um judeu de ter revelado o esconderijo da família de Anne Frank suspendeu a impressão de mais cópias.

A editora emitiu um pedido de desculpa esta segunda-feira, afirmando que deveria ter sido adotada uma postura “mais crítica”  na menção de um judeu como o traidor de uma família judia — em especial tendo em conta tratar-se da família de Anne Frank –, e enviou uma carta à própria escritora do livro que dá conta deste novo dado, Rosemary Sullivan. A escritora redigiu o livro com base numa investigação que durou seis anos, e na qual participou um ex-agente do FBI, Vince Pankoke.

A impressão de novas cópias, segundo explica a EFE, foi suspensa enquanto se aguardam “respostas da equipa de investigação a perguntas que surgiram“. Depois do lançamento do livro, a 17 de janeiro, vários historiadores do holocausto e da Segunda Grande Guerra consideraram que as conclusões do livro não foram suficientemente sustentadas pelas provas apresentadas.

A conclusão apresentada por Rosemary Sullivan sugere que a família de Anne Frank foi traída por um judeu, Arnold van den Bergh, figura de renome em Amesterdão nos anos 1940.

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Van den Bergh terá sido membro do Conselho Judaico de Amesterdão, órgão mediador das normas nazis nos bairros judaicos. Este conselho, dissolvido e 1943, levou a que os seus membros fossem enviados para os campos de concentração.

Van den Bergh, que não foi enviado para nenhum campo nazi, vendeu, segundo o livro, a localização do esconderijo de várias famílias judias para assegurar a sua segurança, assim como a dos seus familiares.

O historiador Bart van der Boom, professor holandês que está a escrever um livro sobre o Conselho Judaico, explicou à televisão NOS, segundo a EFE, que estas conclusões são “difamações sem sentido”, uma vez que os membros do Conselho Judaico seriam “pessoas respeitadas que não atraiçoariam 500 ou mil judeus escondidos“.

Já o diretor da Casa Museu Anne Frank, em Amesterdão, considerou a investigação de grande importância, mas afirmou faltarem partes importantes em relação a aspetos cruciais, o que significa que as conclusões foram demasiado extrapoladas”.

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Os direito mundiais do livro assim como a direção do seu conteúdo estão, no entanto, abrangidos na totalidade pela editora norte-americana Harper Collins, cuja delegação portuguesa será a responsável pela divulgação do novo livro em português.