O número de mortes devido à passagem do ciclone Gombe em Nampula, Norte de Moçambique, subiu de sete para oito, anunciou esta sexta-feira a diretora-geral do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres.

“Nesta fase preliminar estamos com um total de oito óbitos, mas esta informação ainda não é definitiva”, disse Luisa Meque, em declarações à comunicação social no início da noite em Nampula, num balanço preliminar.

A diretora-geral do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres não avançou detalhes sobre as circunstâncias do novo óbito, reiterando apenas que “todos os dados avançados são preliminares”.

O ciclone Gombe atingiu a província de Nampula (noroeste) na noite de quinta para sexta-feira com ventos muito violentos, e as previsões anunciavam ventos com velocidades até 160 quilómetros horários, chuvas torrenciais, além de danos significativos em zonas residenciais.

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Os relatórios iniciais indicavam sete mortos, “dois na cidade de Nampula, devido ao desabamento de casas e outros cinco em Angoche”, 170 quilómetros a sudeste na costa do oceano Índico, informou o Presidente moçambicano.

Uma das vítimas mortais em Angoche morreu eletrocutada, acrescentou Filipe Nyusi.

Primeiras mortes confirmadas após ciclone Gombe em Moçambique

O chefe de Estado moçambicano referiu-se ainda a “problemas de comunicação com os distritos mais afetados” da província de Nampula, norte de Moçambique e a mais populosa do país, e alertou para “os riscos de transbordamento do rio Licungo”.

Nyusi apelou ainda à população para “continuar a ter cuidado por causa das muitas árvores caídas e dos postes elétricos no chão que podem causar danos”.

O ciclone enfraqueceu durante o dia, transformando-se em tempestade tropical mas continua a trazer muita chuva, abrangendo as províncias vizinhas.

Em Nampula, o ciclone provocou cortes no abastecimento de energia e água, bem como dificuldades nas comunicações telefónicas, designadamente de telemóveis, segundo vários testemunhos.

Os voos para a província foram cancelados na quinta-feira de forma preventiva, anunciou a companhia aérea nacional LAM.

Nas redes sociais, na Internet, circulam fotografias de danos materiais provocados em vários pontos da província, sobretudo árvores caídas, habitações e viaturas danificadas.

Contactada pela Lusa, fonte do Centro Nacional Operativo de Emergência (Cenoe) remeteu um balanço para mais tarde, após reestabelecidas as comunicações com os distritos afetados.

A empresa Eletricidade de Moçambique (EDM) já fez saber, em comunicado, que há 20 distritos sem energia, afetando cerca de 300 mil pessoas.

Mais de 300 mil famílias sem energia devido ao ciclone Gombe no Norte de Moçambique

A tempestade Gombe chegou à costa moçambicana pelas 03:00 (01:00 em Lisboa) na categoria de ciclone intenso com chuva torrencial e vento de 165 quilómetros por hora, com rajadas superiores a 200, anunciou o centro meteorológico francês da ilha de Reunião.

A tempestade atingiu Moçambique três anos depois de os ciclones Idai e Kenneth terem fustigado, respetivamente, as regiões centro e norte do país naquela que foi uma das mais severas épocas chuvosas de que há memória.

Várias organizações não-governamentais estão prontas a intervir. Moçambique foi já duramente atingido em janeiro pela tempestade tropical Ana, que matou cerca de 100 de pessoas em Madagáscar, Moçambique, Malaui e Zimbabué.

A visita de 24 horas do chefe de Estado moçambicano à capital sul-africana realiza-se no âmbito da 3.ª sessão da Comissão Binacional de Cooperação (BNC, na sigla em inglês) entre a República da África do Sul e a República de Moçambique.