Marcelo Rebelo de Sousa deixou rasgados elogios às Forças Armadas moçambicanas e à cooperação com Portugal, expressando, em território moçambicano, o desejo de que esse trabalho conjunto se reflita ainda mais na resposta aos grupos armados que aterrorizam a província de Cabo Delgado.

O Presidente da República, que está em Moçambique numa viagem oficial por quatro dias, já tinha mostrado a sua disponibilidade para visitar Cabo Delgado, caso seja convidado pelo homólogo moçambicano. Este sábado, em visita a uma escola de fuzileiros em Katembe, fez questão de voltar a dar destaque à grave situação humanitária que se vive na região, com foco nos efeitos da ajuda portuguesa e europeia.

“Portugal já tinha e mantém uma cooperação que correu muitíssimo bem, mas foi preciso criar um foco especial por causa da situação em Cabo Delgado. Daí a posição portuguesa no sentido de pressionar, sensibilizar, os nossos pares europeus”, tendo mesmo acabado por seguir para Moçambique, no ano passado, a primeira missão europeia de formação militar no país, com representantes de vários países para “completar valências” dos militares moçambicanos.

Na altura, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, frisou o “empenho” que Portugal tinha dedicado à aprovação da missão, que conta com liderança portuguesa, enquanto ocupou a presidência da União Europeia, no ano passado.

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“Estamos numa nova fase, estivemos numa fase de terrorismo que ia subindo, subindo”, lembrou, e agora já existe uma nova “capacidade de resposta”, sendo que a União Europeia (UE) vai também “fornecer equipamento para formação e treino”.

Para Marcelo, o balanço é positivo: nas Forças Armadas do país é possível ver “resultados tão qualificados e excecionais“, pela intervenção da UE e particularmente a portuguesa, insistiu. E prometeu: a situação em Cabo Delgado, que se arrasta desde 2017, vai “continuar a ser uma prioridade” para Portugal e “a comunidade internacional não vai esquecer”.

A província de Cabo Delgado fica dois mil quilómetros a norte de Maputo. A sua população é aterrorizada desde 2017 por grupos armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo jiadista Estado Islâmico. O balanço do conflito aponta para mais de 3.100 mortos e 860 mil deslocados.