A Alemanha anunciou a nacionalização temporária da subsidiária do grupo russo Gazprom no país. A Gazprom Germania ficará sob gestão do regulador da energia até 30 de setembro deste ano em nome da segurança de abastecimento.

A medida anunciada pelo ministro alemão da Economia, Robert Habeck, surge depois de movimentações da empresa russa de gás que tentou transferir a titularidade da sua subsidiária alemã sem obter a aprovação do Governo, o que representa uma violação da lei alemã, afirmou o governante. A decisão tem como objetivo “proteger a segurança e a ordem pública e manter a segurança do abastecimento” e foi justificada por Habeck como “absolutamente necessária”.

Na sexta-feira, a Gazprom tinha informado que já não controlava a subsidiária alemã que detém filiais no Reino Unido, Singapura e Suíça. É através destas empresas sediadas fora da Rússia que são feitos grande parte dos contratos de venda de gás à Europa e recebido os respetivos pagamentos.

A Gazprom não adiantou quem eram os novos donos desta filial. Documentos entregues a reguladores e citados pela Bloomberg mostram uma operação que envolveu a Gazprom Export Business Serviços que, por seu turno, era a dona da Gazprom Germania. A primeira passou a ser controlada por uma empresa designada Joint Stick Company Palmary cujo último beneficiário visível no registo comercial russo tinha uma morada de Moscovo. As ações da Gazprom Germania estão avaliadas em 226 milhões de euros.

A Gazprom Germania detém outras participadas na Alemanha como as empresas comerciais Wingas e Wieh e o operador de armazenamento Astora. Este último opera a maior unidade de armazenamento de gás na Alemanha, em Rehden, instalações que têm estado praticamente vazias nos últimos meses, o que está a ser visto como uma ação deliberada para desestabilizar o abastecimento energético ao país. Com o atual enquadramento regulatório estas unidades de armazenamento têm de estar preenchida em 90% da sua capacidade até dezembro.

Outra preocupação das autoridades alemãs é a sustentabilidade económica das comercializadoras do gigante russo que estão a ter cada vez mais dificuldades em fechar novos contratos de venda de gás desde a invasão da Ucrânia por razões reputacionais.

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