Os primeiros treinos livres não tinham sido famosos, a terceira sessão melhorou ligeiramente no tempo mas não na posição, a qualificação correu ainda pior. Miguel Oliveira surgia com um estado renovado no circuito de Jerez depois da quinta posição no Grande Prémio de Portugal mas cedo se percebeu que seria muito complicado dar continuidade ao bom arranque do calendário na Europa, naquela que seria a sexta prova do Mundial de 2022. Ainda assim, este sábado trouxera consigo mais problemas do que era suposto e, pela primeira vez, o português teve mesmo de voltar às boxes na Q1 por questões técnicas na moto.

Miguel Oliveira foi 5.º e voltou a um top 10 na coroação de Fabio Quartararo como novo rei de Portimão

Logo na primeira volta, e ainda sem tempo registado, o piloto da KTM teve de parar e foi visível todo o seu descontentamento por não ter a possibilidade de pelo menos tentar um lugar mais acima na grelha mesmo perante a impossibilidade de entrar na Q2. A seis minutos do final, quando voltou à pista, foi melhorando os tempos mas não passou da 21.ª posição, naquela que se tornou a pior qualificação de 2022.

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Foi à pista, voltou frustrado às boxes, benzeu-se mas não deu para mais: Miguel Oliveira sai do 21.º lugar para o Grande Prémio de Espanha

“Estava confiante que conseguiria ser rápido depois de uma grande quarta sessão de treinos livres em que fiquei em quinto. Depois houve um pequeno problema técnico que a equipa não conseguiu resolver a tempo. Foi muito difícil ser rápido, tentei o meu melhor mas perdia muito nos diferentes setores. Sair de 21.º não ajuda nada mas é importante não desistir e acabar a prova. Somar alguns pontos seria excelente”, comentara o português. “Estou desejoso de fazer um bom arranque, de tomar boas decisões nas primeiras duas voltas e tentar aproveitar qualquer oportunidade que tenha para ultrapassar quando os pneus estão mais frescos mas quando a moto está mais pesada. Vai ser um desafio”, acrescentou.

A KTM nunca conseguiu colocar Miguel Oliveira e Brad Binder ao mesmo nível numa prova este ano até quando entrou no top 6. Foi assim no Qatar, com Binder em segundo e Oliveira a desistir. Foi assim na Indonésia, com vitória de Oliveira e Binder em oitavo. Foi assim na Argentina, com Binder em sexto e Oliveira em 13.º. Foi assim em Portugal, com Oliveira em quinto e Binder a desistir. Agora, tal como já tinha acontecido nas Américas, ambos partiam com tempos demasiado afastados dos restantes e teriam de fazer uma corrida para minimizar estragos, tendo de contar com outras ajudas “externas” na prova.

Enquanto na frente os três primeiros mudaram, com Pecco Bagnaia e Fabio Quartararo a segurarem os dois primeiros lugares mas Aleix Espargaró a descer para a quinta posição atrás de Jack Miller e Marc Márquez, Miguel Oliveira teve um grande arranque e ganhou sete posições, terminando a primeira volta no 14.º lugar atrás de Pol Espargaró (que chegou a ser ultrapassado mas recuperou posição). E as primeiras quedas não demoraram a chegar, com Jorge Martín e Stefan Bradl a estragarem a corrida logo a abrir. O português falava da importância das duas primeiras voltas e entretanto já conseguira subir para o 13.º posto.

Miguel Oliveira rodava a 0.3/0.4 de Pol Espagaró tendo uma vantagem de 1.5 segundos em relação a Álex Rins, numa corrida onde conseguiu o arranque que pretendia e contou ainda com uma saída de pista sem queda do espanhol que dava outra margem de gestão. Lá na frente, tudo na mesma mas com a formação de pares: Bagnaia e Quartararo na luta pelo pódio, Miller e Márquez na corrida pelo pódio. A 15 voltas do final, o cenário mantinha-se mas com Miguel Oliveira a conseguir chegar ao 12.º lugar depois de mais uma queda, desta vez de Johann Zarco que estava no top 10 mas não conseguiu dar continuidade ao bom ritmo.

As posições estavam definitivamente estabilizadas, com Pecco Bagnaia a ganhar um segundo de avanço em relação a Quartararo e Marc Márquez a tentar ainda chegar ao pódio na luta com Jack Miller. Já Miguel Oliveira mantinha a 12.ª posição, a cerca de 1.5 segundos de Pol Espargaró mas com quase dois segundos de avanço em relação a Álex Márquez. Apesar da má qualificação, o português somava mais quatro pontos para o Mundial numa corrida onde Marc Márquez chegou a terceiro, Aleix Espargaró conseguiu ultrapassar ambos num erro do espanhol e Miller passou para quarto, antes de nova passagem de Márquez.

Com este resultado, Fabio Quartararo reforçou a liderança do Mundial com 89 pontos, mais sete do que Aleix Espargaró e mais 20 do que Enea Bastianini e Álex Rins. Miguel Oliveira desceu uma posição para décimo com 43 pontos, a 13 do atual sexto classificado Joan Mir, o campeão mundial de 2020.