A taxa de incidência de infeções desenvolvidas em meio hospitalar diminuiu nos cinco anos entre 2015 e 2020, concluiu a Direção-Geral da Saúde (DGS) no relatório anual do Programa de Prevenção e Controlo de Infeções e de Resistências aos Antimicrobianos.

As autoridades de saúde destacam que houve uma redução na incidência da taxa global de infeção de local cirúrgico, infeção da corrente sanguínea adquirida em hospital, pneumonia associada ao tubo endotraqueal e infeção por Clostridioides difficile, que causa inflamação no intestino.

Por exemplo, no período entre 2015 e 2019, houve uma diminuição em 5,6% das infeções após as cesarianas, em 10% das infeções a seguir às cirurgias para retirar a vesícula biliar, em 30% a seguir às intervenções no joelho para tratar as artroses; e 38,1% nas operações à anca.

Mas os números devem ser lidos com cautela: a pandemia de Covid-19 ” levou a significativo decréscimo da amostra de vigilância epidemiológica de infeções hospitalares”, admite a DGS, porque os profissionais de saúde envolvidos no programa também se dedicaram à batalha contra a doença provocada pelo coronavírus.

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Os autores do relatório acrescentam que o consumo de antibióticos em ambulatório teve tendência “ligeiramente crescente” entre 2013 e 2019. E embora se tenha mantido sempre abaixo da média europeia, esse crescimento está acompanhado pelo aumento dos casos de resistência a antimicrobianos desde há oito anos.

Ainda assim, houve uma “marcada redução de consumo” em 2020, que se manteve no ano seguinte e que foi maior do que a média europeia. No entanto, o rácio do consumo de antibióticos de largo espetro (atingem um grande número de microrganismos) sobre os de espetro estreito (mais direcionados) voltou a aumentar.

A utilização de quinolonas, por exemplo, que é um dos antibióticos mais associados à emergência de resistências, caiu 69% entre 2014 e 2020. Isso permitiu a Portugal ficar dentro da média europeia. A utilização nos hospitais, tendo-se mantido estável, conta assim abaixo da média.

Eis alguns casos concretos. A resistência do Acinetobacter aos carbapenemes (uma classe de  antibióticosd e larga escala) diminuiu de 70% para 15% — ou seja, menos 55 pontos percentuais. No caso do Staphylococcusaureus, a resistência à meticilina passou de 48% para 30%. E do Enterococcus faecium, em relação ao mesmo antibiótico, desceu de 22% para 8% nos sete anos entre 2013 e 2020.

Mas a DGS considera “particularmente preocupante” a evolução da taxa de Klebsiella pneumoniae — que é uma superbactéria — resistente a carbapenemes: ela tem sido “marcadamente crescente” e aumentou de 2% para 11,6% entre 2013 e 2020.