A Rússia tornou-se “um país de criminosos de guerra”, afirmou o Presidente da Ucrânia esta segunda-feira, no discurso por videoconferência em Davos. Numa aparição onde foi aplaudido mesmo antes de começar a falar, Volodymyr Zelensky pediu “sanções máximas” contra a Rússia também para criar um novo precedente e, assim, dissuadir outros possíveis agressores no mundo de avançarem com iniciativas similares.

“Não deve haver qualquer comércio com a Rússia. Deve-se aproveitar para criar um novo precedente para a pressão que pode ser aplicada através de sanções“, afirmou.

A Ucrânia insiste que é necessário avançar para o bloqueio de todos os negócios com a Rússia. Em concreto, o Presidente ucraniano pediu um embargo total ao petróleo russo, eliminação total do comércio externo com a Rússia, bancos totalmente banidos do sistema financeiro mundial (sem exceções) e o corte absoluto do setor tecnológico com a Rússia.

Estamos no momento histórico em que vamos determinar se a força bruta vai dominar o Mundo”, atirou o Presidente ucraniano, numa das primeiras declarações em Davos.

A Ucrânia tem pouco tempo. Ninguém sabe quanto tempo resta à Europa e ao mundo“, afirmou Zelensky, garantindo: “A Ucrânia está a perder muito, todos os dias, mas isso só nos torna cada vez mais fortes“. No início do discurso, o Presidente ucraniano tinha dito que a Ucrânia criou “um novo padrão de bravura e coragem” e conseguiu evitar a derrota, até ao momento, porque “não deu ouvidos a quem disse que não seria possível aguentar mais do que alguns dias”. O conflito arrasta-se há 89 dias.

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“Centenas de milhões” pressionam líderes ocidentais a fazer mais

Os responsáveis políticos das democracias ocidentais estão sob pressão de “centenas de milhões de pessoas” que querem vê-los a ajudar mais a Ucrânia e a agravar as sanções contra a Rússia, acrescentou Zelensky no discurso em Davos, através de videoconferência.

Na leitura que é feita pelo Presidente ucraniano, as “centenas de milhões” que se manifestam nas principais cidades ocidentais querem que os seus governos “limitem ou eliminem todas as relações com o agressor russo”. “Estamos a proporcionar ao mundo que crie um precedente para o que acontece quando alguém tenta destruir um vizinho”, afirmou, acrescentando que “se o agressor perder tudo, isso retira qualquer motivação para começar uma guerra“.

“Mesmo tendo em conta que a Rússia começou esta guerra com a Ucrânia em 2014, estamos gratos pelo apoio”, complementou Zelensky, acrescentando que “na altura, se tivéssemos demonstrado esta união será que a Rússia iria lançar esta guerra total? Será que iria impor estas perdas à Ucrânia e ao mundo? Tenho a certeza de que a resposta é não”. “Agora, veremos se o mundo nos dá ouvidos”, terminou.

Zelensky, em Davos, pede “novo precedente” de “sanções máximas”