O jornalista angolano Gustavo Costa, correspondente do Expresso e colaborador do semanário angolano Novo Jornal, morreu na madrugada de sexta-feira, aos 63 anos, vítima de um AVC, anunciaram os dois meios de comunicação.
Gustavo Costa nasceu em 1959 e iniciou-se no jornalismo na década de 1970, estreando-se no Jornal de Angola. Colaborava com o semanário Expresso desde 1989 e era também cronista do Novo Jornal, tendo passado igualmente pelo “JDM — Jornal Desportivo Militar” e pelo “Record”.
O seu trabalho foi distinguido com um Prémio Nacional de Jornalismo e o Prémio Maboque de Jornalismo.
Nas redes sociais, colegas de profissão e veteranos do jornalismo angolano exprimem o seu pesar e prestam tributo a Gustavo Costa.
A jornalista Luísa Rogério, presidente da Comissão da Carteira e Ética lamentou na sua página de Facebook a perda de um dos “monstros sagrados” do jornalismo angolano, que descreveu como “uma pena irretocável”.
O presidente do Sindicato dos Jornalistas Angolanos, Teixeira Cândido, disse que o legado de Gustavo Costa dispensa qualquer referência.
Foi-se um dos mais cultos jornalistas que este País viu nascer. Até sempre, kota!”, escreveu na sua página.
O diretor do Novo Jornal, Armindo Laureano, recordou a sua conversa recente com Gustavo Costa em que falaram da campanha eleitoral, dos candidatos, dos programas, resultados e expectativas do pós – eleições e partilhou alguns dos artigos publicados pelo jornalista, mostrando pesar pela morte inesperada.
Também o presidente da coligação CASA-CE, Manuel Fernandes, que concorre às eleições gerais marcadas para 24 de agosto, recordou Gustavo Costa como um gigante do jornalismo angolano e um “intransigente combatente da liberdade, da pluralidade de pensamento e de opinião”.
O ex-jornalista e atual secretário do Presidente da República para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa, Luís Fernando, escreveu que foi Gustavo Costa que o levou a abraçar a profissão.
Foi por te ler, nos finais dos anos 70 do séc XX, que disse que queria o Jornalismo como escolha profissional, modo de vida, causa, paixão eterna. E quase 50 anos depois, continuei a admirar-te profundamente como um aprendiz venera o seu mestre”, escreveu no Facebook.
A jornalista Cristina Peres, colega do semanário Expresso, escreveu uma nota emotiva, recordando a intuição e a capacidade de saber ouvir de Gustavo Costa, carinhosamente tratado por “Gugu”, que “nunca trabalhou num meio fácil, o que nalguns anos terá sido estimulante, já que a liberdade em Angola é angolana”.
Lembrou ainda que Gustavo Costa foi condenado em janeiro de 2000 a um ano de prisão com pena suspensa de 19 meses e ao pagamento de uma multa no valor de quatro mil contos (cerca de 20 mil euros), numa sentença que o jornalista angolano Reginaldo Silva descreveu como tão draconiana que “se comenta em Luanda que até o próprio advogado do chefe da Casa Civil de Eduardo dos Santos terá sido surpreendido com a dureza da pena”.
Governo angolano diz que morte de Gustavo Costa deixa “vazio” no jornalismo
O Governo angolano lamentou a morte do jornalista Gustavo Costa, considerando que esta perda “deixa um enorme vazio na prática jornalística nacional”.
Foi com profunda dor e consternação que tomei conhecimento do passamento físico de Gustavo Costa, destacado, reputado e respeitado jornalista angolano”, refere, em comunicado, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Manuel da Conceição Homem.
Gustavo Costa era “detentor de uma ‘pena’ ímpar e refinada” e, “num contexto em que há no país, mas não só, a necessidade da regular e contínua passagem de testemunho”, a sua “morte inesperada e prematura” deixa “um enorme vazio na prática jornalística nacional”.
No comunicado, o ministro exprimiu ainda “à família enlutada, amigos e à classe jornalística, nacional e estrangeira” a “mais profunda solidariedade e as mais sentidas condolências”.
Notícia atualizada às 20h02