Quando Musk anunciou, em abril, a intenção de comprar o Twitter por 44 mil milhões de dólares, com um ambicioso plano para retirar a empresa de bolsa e transformá-la, já havia discutido com Jack Dorsey o tema. É pelo menos essa a ideia transmitida pelas mensagens trocadas entre Dorsey, co-fundador e ex-CEO do Twitter, e Elon Musk, o homem mais rico do mundo.

As mensagens foram tornadas públicas esta quinta-feira, no âmbito do processo movido pelo Twitter contra Musk, em que a rede social quer obrigar o empresário sul-africano a cumprir com o acordo e a finalizar a aquisição do Twitter.

Nas mensagens, que remontam ao final de março, é possível perceber que Dorsey já não concordava com o rumo da empresa. “É preciso uma nova plataforma. Não pode ser uma empresa. Foi por isso que saí”, indica uma das mensagens de Dorsey.

Rapidamente Musk pergunta como é que deverá ser essa empresa. “Acredito que deve ser um protocolo de código aberto, controlado por uma fundação que não detenha o protocolo, só que o avance. Um pouco como aquilo que o Signal fez”, é possível ler.

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“Não pode ter um modelo de publicidade. Caso contrário, fica-se com uma área de superfície onde os governos e publicitários vão tentar influenciar e controlar. Se tiver uma entidade centralizada por trás, vai ser atacado.”

E Dorsey continua, referindo que “isto não é um trabalho complicado, só que precisa de ser bem feito para ser resiliente (…)”. A resposta de Musk foi curta: “Uma ideia super interessante”.

Aliás, o facto de o Twitter ser uma empresa é visto por Dorsey como o “pecado original do Twitter”. “Nunca deveria ter sido uma empresa”, disse a Musk, referindo que a ideia inicial era o tal protocolo.

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Dorsey explicou que quis entrar em contacto com Elon Musk por considerar que o dono da Tesla “se preocupa muito” com estas questões, porque “percebe a importância” e pode “definitivamente ajudar de formas imensuráveis”. E, nas mensagens, Musk diz que “gostaria de ajudar”.

Também transparece que Dorsey tentou abrir caminho a Musk para um lugar no “board” do Twitter noutras ocasiões. “Quanto tivemos o ativista [fundo que entrou no Twitter em 2020], tentei o meu melhor para te incluir no nosso ‘board’, mas o ‘board’ disse que não. Foi nessa altura que decidi que precisava de trabalhar para sair [da empresa], por mais doloroso que fosse para mim.”

Dorsey partilhou também com Musk que o ‘board’ da empresa “é super avesso ao risco”. O conselho de administração terá mesmo considerado que, ao incluir Musk, seria apenas mais uma oportunidade de trazer mais risco para a empresa. “O que acho que é completamente estúpido”, comentou Dorsey nas mensagens para Musk, explicando que só tem um voto e 3% da companhia.

Curiosamente, quando Musk foi adquirindo ações do Twitter até chegar a 9,2% do capital, foi-lhe garantido um lugar no conselho de administração – algo que o homem mais rico do mundo recusou.

O julgamento do Twitter contra Elon Musk está marcado para 17 de outubro.

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