A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu a denúncia feita à Presidência da República sobre o encobrimento de abusos sexuais por parte de José Ornelas, bispo da Diocese de Leiria-Fátima e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, confirmou fonte oficial da PGR ao Observador. Caso foi transmitido ao Ministério Público (MP) de Braga e ao Departamentos de Investigação e Ação Penal Regionais (DIAP) de Lisboa, estando “para análise”.

“Confirma-se a receção de participação provinda da Presidência da República. A mesma foi transmitida ao Ministério Público de Braga e ao DIAP de Lisboa para análise”, pode ler-se no email. A PGR adianta ainda que o caso de encobrimento que visa o bispo de Fátima-Leiria poderá “eventualmente” estar relacionado com outro caso, “já arquivado”. E que foi aberto em 2011, o ano referido na denúncia.

Face à denúncia de encobrimento por parte do bispo de Leiria, a Conferência Episcopal Portuguesa garantiu na manhã desde domingo, 1 de outubro, que as autoridades de investigação judicial de Moçambique e de Bergamo, na Itália, onde residia um dos sacerdotes visados também investigaram todas as situações, tendo resultado no seu arquivamento. José Ornelas, disse a Conferência, terá na altura dado “indicações para que as suspeitas fossem investigadas pelas competentes autoridades locais da Congregação, as quais não encontraram nenhuma evidência de possíveis abusos.”

O encobrimento que agora vem a público remonta a 2011 e está relacionado com abuso sexual de menores num orfanato numa cidade da província de Zambézia, em Moçambique, liderado pelo padre Luciano Cominotti. O bispo terá tido conhecimento dos abusos, depois de ter sido informado por João Oliveira, professor de português na escola frequentada pelos alunos daquele orfanato, dirigida por o Padre Ilario Verri, também parte da Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus (dehonianos), na altura dirigida por José Ornelas.

Face à denúncia de abusos de menores, por carta, avançou o Público na manhã deste sábado, 1 de outubro, o bispo terá a “agradecido” os alertas, frisando, no entanto, que Luciano Cominotti (padre que era diretor daquele orfanato), não estava sob a sua autoridade, por não pertencer à congregação. Onze anos depois, João Oliveira enviou uma carta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, dando conta do alegado “encobrimento” dos abusos de menores por parte do bispo. A presidência remeteu o caso para a Procuradoria-Geral da República. O caso está agora para “análise”.

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