Na China, há mais de uma semana que milhares de pessoas protestam contra as restrições impostas devido à pandemia. As políticas da “Covid Zero” têm limitado as liberdades da população chinesa e são os jovens que têm questionado os líderes do país. Para as ruas levam uma mão cheia de determinação para mudar as medidas políticas que prevalecem e outra mão cheia de justiça para com aqueles que morreram no incêndio dia 24 de novembro.

Um fogo mortal num prédio incendiou os ânimos da população chinesa e intensificou os protestos no país. Entre desempregados, milionários ou universitários move-se toda uma geração jovem, pois o descontentamento atinge as várias classes sociais.

“Não estamos aqui para desafiar o Governo ou questionar o Presidente. A maioria de nós apoia o Partido Comunista. Mas não podemos continuar presos numa política de ‘Covid Zero’ que está a arruinar muitas vidas. Só pedimos que parem de usar a desculpa do vírus para ignorarem todo o tipo de direitos e liberdades individuais”, disse um dos jovens que se manifestaram em Xangai, citado pelo El Mundo.

Grande parte do descontentamento da população tem que ver com as medidas da “Covid Zero” do Presidente Xi Jinping. Ou seja, não serão uma contestação dirigida ao líder chinês.

Na quinta-feira (dia 1 de dezembro), o manifestante de vinte e poucos anos estava com amigos a comemorar num bar o facto de o Governo ter aliviado algumas restrições e bloqueios. “Claro que estamos felizes. No Ocidente estes pequenos gestos podem parecer uma parvoíce, porque a política de ‘Covid zero’ continua, mas para nós é uma vitória”, explicou o jovem.

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As autoridades da cidade suspenderam as restrições contra a Covid-19 na maioria das cidades no dia 30 de novembro.

China continua a abrandar medidas anti-covid na sequência de protestos

O analista Adam Minter explica que, para os jovens universitários chineses, a pandemia tem sido muito difícil. “Para além de verem os objetivos pessoais e profissionais a desaparecerem, muitas vezes ficam trancados em dormitórios durante semanas e meses. Alguns denunciam a escassez de bens essenciais, como itens sanitários, alimentos e assistência médica. Gritos de socorro aparecem com frequência nos media”, refere Minter.

Nos protestos contra a “Covid Zero” surgem alguns nomes conhecidos, como Zhang Zetian , de 27 anos e com uma fortuna de aproximadamente 20.170 milhões de euros. A jovem e o marido, Richard Liu Qiangdong , administram uma empresa chinesa de comércio eletrónico JD.com.

O jornal El Mundo destaca outra jovem: uma ativista climática de 19 anos e apelidada de “Greta Thunberg chinesa”. Howey Ou ganhou visibilidade em 2019 depois de faltar à escola durante uma semana porque estava a protestar em frente ao edifício do governo em Guilin. Com um cartaz pedia à população que se juntasse numa greve contra as alterações climáticas.

Joshua Wong, de 26 anos, é um rosto conhecido dos protestos estudantis que abalaram Hong-Kong em 2019. O jovem fundou um partido político, o Demosisto, que foi banido pelas autoridades após a China ter aprovado uma lei que derrubou as exigências daqueles que lutam para preservar a autonomia de Hong Kong diante do controlo rígido do país.

São muitos os jovens que estão a lutar por mais liberdades e menos bloqueios.  Em causa não estão os salários ou a disputa de terrenos — por isso, esta é uma luta que uniu pessoas de várias origens sociais.