Além de menos poluentes, os automóveis eléctricos necessitam de menos energia para percorrer a mesma distância dos seus concorrentes com motores de combustão. Mas as baterias também armazenam muito menos energia do que a gasolina contida num depósito convencional. Basta pensar que 1 litro de gasolina contém o equivalente a 8,9 kWh de energia e 1 litro de gasóleo chega mesmo aos 10 kWh, o que faz com que os modelos eléctricos com a maior bateria do mercado (que ronda os 120 kWh de capacidade, caso do Mercedes EQS), transportem apenas o equivalente a 12 litros de gasóleo, ou 13,5 litros de gasolina. Isto permitiria percorrer 100 a 150 km, em vez dos mais de 670 km que anunciam.

Mas se os modelos eléctricos a bateria são económicos, a realidade é que são também muito sensíveis a tudo o que possa elevar o consumo, do peso à aerodinâmica, passando pelo que rebocam e pela velocidade a que se deslocam. Daí a curiosidade em torno da iniciativa levada a cabo pelo youtuber Bjorn Nyland, que teve a oportunidade de conduzir o BMW i4 M50 numa auto-estrada alemã, numa zona em que não há limite de velocidade.

Esta berlina da BMW, construída sobre a mesma base do Série 4 com motores de combustão, instala duas unidades eléctricas, uma em cada eixo, a primeira com 313 cv e a segunda com 258 cv, assegurando um total de 544 cv e 795 Nm de binário. A alimentar estes dois motores está uma bateria com uma capacidade bruta de 83,9 kWh (80,7 kWh úteis), o que lhe permite anunciar uma autonomia em WLTP de 520 km. Como termo de comparação, um modelo similar da marca alemã, em dimensões e potência, o M4 CSL Coupé com 551 cv e 650 Nm, anuncia um consumo médio em WLTP de 9,9 l/100 km, o que face aos 59 litros que consegue alojar no depósito lhe permite ambicionar uma autonomia de 596 km.

É claro que conseguir um consumo de 9,9 l/100 km no M4 CSL é tão difícil como atingir 520 km no i4 M50, mas o incremento de velocidade sacrifica mais o BMW eléctrico do que o seu “irmão” a gasolina. E foi isso que o popular Bjorn Nyland tentou avaliar na Alemanha, onde é possível percorrer maiores distâncias a alta velocidade.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Se os reduzidos valores de velocidade utilizados em banco de ensaio para determinar o consumo permitiram ao BMW i4 M50 anunciar 520 km de autonomia, elevar a velocidade para 130 km/h corta desde logo 41% da autonomia, reduzindo-a a 305 km. Mas o youtuber norueguês elevou ainda mais a parada e, depois de ter conduzido a 228 km/h, reduziu o ritmo para atingir uma velocidade média aproximada de 150 km/h.

A experiência terminou com apenas 3% de carga na bateria ao fim de somente 153,2 km, a autonomia do BMW i4 a uma velocidade média de 150 km/h. Isto pressupõe uma redução de 70,5% em relação ao valor anunciado. Segundo o youtuber, o BMW i4 M50 consumiu durante esta experiência 471Wh/km, ou seja, 47,1 kWh/100 km, o que significa que saíram da bateria 74,4 kWh de energia durante os 153,2 km. A estes temos de adicionar 5 kWh gastos para manter a bateria dentro da gama de temperatura segura, uma vez que a esta velocidade a extracção de energia gera muito calor, que é necessário refrigerar. O resultado final é pois de 79,4 kWh, quase a totalidade dos 80,3 kWh que a BMW reivindica para este acumulador. O consumo total ficou pois nos 50,3 kWh/100 km. Bjorn Nyland compara ainda o desempenho do i4 M50 com um teste similar que realizou com o antigo Model 3, quando ainda não montava um sistema de refrigeração mais eficiente por bomba de calor. A uma velocidade média de 175 km/h, 16,6% mais elevada do que os 150 km/h do BMW, o Tesla conseguiu um consumo similar.