Os preços das casas em Portugal subiram 18,7% no ano passado, a maior variação dos últimos 30 anos, segundo os dados do Confidencial Imobiliário. Os mesmos dados apontam, porém, para uma desaceleração na segunda metade do ano, altura em que começaram a subir de forma mais acentuada as taxas de juro.
“O ano 2022 deu, assim, sequência à trajetória de forte intensificação no crescimento dos preços observada desde 2017, ano em que a valorização de 12,8% mais que duplicou a de 5,6% registada em 2016”, nota o Confidencial Imobiliário. Depois, “os anos 2018 e 2019 consolidaram a tendência, com valorizações homólogas em dezembro de 15,4% e 15,8%, respetivamente”.
Na pandemia, “este ciclo foi interrompido, quando os preços de venda da habitação terminaram o ano com um crescimento mais moderado, de 4,8%” em 2020. Mas “o ano de 2021 foi já de reativação da tendência de intensificação das subidas, registando-se uma valorização homóloga de 12,2%, num percurso ao qual 2022 veio dar continuidade”.
O Confidencial Imobiliário salienta, porém, que “2022 registou um comportamento dos preços a dois ritmos”.
“Na primeira metade do ano, mais concretamente até julho, os preços mantiveram uma trajetória de aceleração, com sucessivas subidas mensais médias de quase 2,0%” mas “a segunda metade de 2022 foi de perda de intensidade, com um arrefecimento das variações mensais, que por duas vezes foram inferiores a 1,0%, entrando inclusive em terreno negativo (variação mensal de -0,5% em setembro)”.
Daqui resulta que, apesar de ter atingido um valor robusto de 18,7%, a variação homóloga registada em dezembro apresenta uma contração face aos registos da segunda metade do ano, quando este indicador atingiu o pico inédito de 21,1% (em agosto), e é mesmo a mais baixa desde julho”, diz o Confidencial Imobiliário.
As variações trimestrais dos preços também confirmam esta “tendência de perda de fôlego”. “Ainda que se mantenham bastante robustas, as subidas trimestrais de preços têm sido menores a cada trimestre, passando de 5,5% no 1º trimestre de 2022, para 5,0% no 2º trimestre, 3,7% no 3º trimestre e, finalmente, 3,2% no último trimestre do ano”, conclui o Confidencial Imobiliário, que desde 2007 prepara este Índice de Preços Residenciais da Confidencial Imobiliário, que acompanha a evolução dos preços de transação de habitação.
Os dados são apurados a partir das informações reportadas ao SIR-Sistema de Informação Residencial. O indicador é apurado para o agregado nacional, existindo também índices com detalhe ao concelho.