Há mais duas empresas a juntarem-se à lista crescente de despedimentos no setor da tecnologia: a IBM e a SAP.

A norte-americana IBM anunciou esta quinta-feira o despedimento de 3.900 pessoas, o equivalente a 1,5% do total de trabalhadores. À CNN, um porta-voz da companhia detalhou que os despedimentos não estão ligados “ao desempenho de 2022 ou a expectativas para 2023” mas que são ainda fruto da reorganização da empresa. Em novembro de 2021, a IBM concluiu a separação da Kyndryl, a empresa que “herdou” os serviços de gestão de infraestrutura da IBM. Já no ano passado, a empresa desfez-se da Watson Health, a unidade que estava ligada a soluções de inteligência artificial para a saúde. O processo de separação desta unidade ainda está em curso.

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Já a SAP, a maior empresa europeia de software, vai cortar 3 mil postos de trabalho, o equivalente a 2,5% do total de trabalhadores a nível global. Cerca de 200 pessoas vão ser despedidas na Alemanha, onde está a sede da empresa.

Conhecida pelo seu software de gestão, a empresa argumentou que precisa de reduzir custos e focar-se no negócio de cloud. O anúncio foi feito durante a apresentação de resultados, que revelou um recuo no resultado líquido atribuível de 56% em 2022 face a 2021, para os 2.290 milhões de euros, ainda na sequência do encerramento das operações na Rússia e na Bielorrússia.

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Além dos despedimentos, a empresa está também a explorar a venda da participação que detém na Qualtrics, a empresa responsável por um software de gestão de experiência. A SAP comprou esta empresa em 2018 por 8 mil milhões de dólares (7,34 mil milhões de euros) e já em 2021 a Qualtrics entrou em bolsa. Atualmente, a SAP é dona de 71% da Qualtrics, participação que está avaliada em 7 mil milhões de dólares. “A venda resultaria num ganho de uma só vez que seria bastante significativo”, transmitiu Luka Mucic, diretor financeiro da SAP numa chamada com a imprensa.

Tanto a IBM como a SAP têm escritórios em Portugal. O Observador perguntou às duas empresas se estes despedimentos vão ter consequências no mercado português. A IBM remeteu para o comunicado anteriormente partilhado, tal como a SAP, que também remeteu para a declaração feita no anúncio, indicando que não serão prestadas mais declarações sobre o assunto. “Anunciámos uma reestruturação direcionada para garantir o sucesso contínuo da SAP num mercado cloud altamente competitivo. Esta reestruturação organizacional aprofunda o nosso foco na criação de valor vitalício, para atuais e novos clientes na cloud, e no aproveitamento de oportunidades de elevado crescimento, nas quais a SAP pode liderar”, é possível ler nesta nota da SAP. “Estas mudanças estratégicas resultarão numa redução nas nossas equipas, que afetará até 3 mil colaboradores em todo o mundo, o que totalizará cerca de 2,5% de nossa atual força de trabalho. Esta foi uma decisão difícil e estamos profundamente conscientes do impacto pessoal destas mudanças. Forneceremos a todos os colegas o cuidado e o apoio de que necessitam.”

Estes despedimentos juntam-se a uma lista que já conta com 11 mil pessoas despedidas da Meta, 18 mil da Amazon, 10 mil da Microsoft e 12 mil da Google. Também a Salesforce anunciou o despedimento de quase 8 mil trabalhadores e, já esta semana, o Spotify revelou que pretende despedir 600 pessoas.

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(Atualizada pela última vez às 17h25)