Investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) estão a desenvolver um sistema de monitorização do setor agroflorestal para auxiliar a tomada de decisão ao nível do bem-estar dos trabalhadores e da produtividade.

Em comunicado, o instituto do Porto adianta esta segunda-feira que o projeto, intitulado AgWearCare, visa desenvolver um sistema para apoiar a “gestão dos recursos humanos”, recolhendo e digitalizando dados relacionados com a produção e com o rendimento agrícola, ou até com os movimentos repetidos por cada trabalhador para prevenir doenças músculo-esqueléticas.

Através da criação de wereables [dispositivos vestíveis], os investigadores vão tentar auxiliar a tomada de decisão quer ao nível do bem-estar e saúde dos trabalhadores, quer da produtividade.

Segundo o INESC TEC, os investigadores já arrancaram com testes em ambiente controlado em vinhas e olivais.

Os dados recolhidos pelos dispositivos, que serão posteriormente disponibilizados numa plataforma online, permitirão perceber quais as tarefas que, quando repetidas em excesso, têm consequências para a saúde do trabalhador, assim como ajustar as tarefas às potencialidades das pessoas ou perceber quais as parcelas de terreno com maior produtividade.

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Tal, observa o instituto, são “informações relevantes no sentido de ajustar a produção aos desafios naturais, desenvolver e potenciar as colheitas de forma mais sustentável, garantindo que não há risco para os trabalhadores na execução das atividades que envolvem, por exemplo, o processo de colheita”.

Além do INESC TEC, o projeto, que é liderado pela Wisecrop, conta com a colaboração do Instituto Superior de Agronomia e da Associação dos produtores em proteção integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD).

Citado no comunicado, o investigador do INESC TEC, Duarte Dias, esclarece que neste projeto o instituto irá desenvolver os novos dispositivos e algoritmos de processamento de sinal com o objetivo de “adquirir dados em tempo real, no terreno, e ser possível o seu processamento para extração de métricas de diferentes naturezas para apoiar o gestor agrícola”.

Também o presidente da APPITAD, Francisco Pavão, destaca que a modernização do setor agroflorestal é essencial para o desenvolvimento, mas também para “garantir a segurança no trabalho”.

“Cada vez mais, é necessário que tenhamos estes dados para podermos rentabilizar as colheitas e relocalizar a mão-de-obra”, explica, lembrando que conhecer a produtividade de cada funcionário e o modo como trabalham permitirá “criar melhores condições de trabalho e rentabilizar a nossa própria exploração”.

Já o responsável pelo projeto do Instituto Superior de Agronomia, Gonçalo Rodrigues, salienta que a solução a ser desenvolvida “permitirá aumentar a produtividade da mão-de-obra agrícola, otimizando as operações culturais, e, ao mesmo tempo, garantir o bem-estar dos trabalhadores”.

“É importante que se continue a contribuir para um setor mais inovador, tecnológico e eficiente, capacitando-o de ferramentas que garantam um uso mais eficiente dos recursos disponíveis”, acrescenta.

Por sua vez, o diretor-executivo da Wisecrop, Tiago Sá, destaca que a criação destes dispositivos permitirá contribuir para a “missão de digitalizar a agricultura”.

O projeto AgWearCare é financiado em 289 mil euros pelo programa Portugal 2020.