Já nem sequer é uma Lei de Murphy. O que se passa no Chelsea, atualmente, é tão surreal que parece retirado de um filme de Hollywood, escrito por um dos maiores autores, desenhado pelos pintores mais dramáticos. Os blues gastaram centenas de milhões no verão e no inverno, roubaram contratações a rivais e retiraram estrelas a equipas e até já mudaram de treinador — mas não ganham há mais de um mês. E, este sábado, perderam com o último.

Depois da derrota com o Borussia Dortmund a meio da semana, na primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões, Enzo Fernández e João Félix foram titulares na receção ao Southampton e Graham Potter apostou também em Mount, David Fofana e Madueke, deixando Havertz e Sterling no banco. Na antevisão da partida, o técnico dos blues mostrava-se otimista apesar do momento da equipa.

João Félix fez tudo menos o golo, Enzo teve tudo menos pernas e Chelsea soma nova derrota em Dortmund

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“Não estamos a marcar golos, é verdade. E isso é um ponto. Mas acho que a melhor maneira é tentar pôr a equipa a funcionar bem e melhor, porque acho que temos jogadores que sabem marcar golos. A equipa está a compor-se, o João já fez dois jogos e meio, o Enzo tem três, o Mudryk tem outros três. A parte mais difícil de dominar, de demonstrar qualidade, está a ser o ataque. Porque as equipas aparecem com uma linha de cinco ou as linhas muito recuadas e temos de as desconstruir, porque são competentes a nível físico e defensivo. Se os jogadores podiam ser mais frios, mais assertivos? Sim, claro. Mas isso também faz parte do processo”, atirou Potter na conferência de imprensa.

Em Stamford Bridge, porém, ninguém foi frio ou assertivo. Um único golo de James Ward-Prowse de livre direto, já no período de descontos (45+1′), foi suficiente para derrotar o Chelsea e dar a vitória a um Southampton que está enterrado no último lugar da Premier League e até tem um treinador interino na sequência da saída de Nathan Jones. Potter pôs a carne toda no assador na segunda parte, lançando Sterling, Fofana, Havertz e ainda Fofana, mas já nada foi suficiente — num jogo em que Azpilicueta saiu de maca, já na ponta final, depois de ser atingido na cabeça por um pontapé de um adversário.

O Chelsea leva agora cinco jogos seguidos sem vencer e duas derrotas consecutivas, mantendo-se no 10.º lugar e correndo o risco de ficar cada vez mais longe da zona de apuramento para as competições europeias. Também este sábado e à mesma hora, o Manchester City visitou o Nottingham Forest já depois de o Arsenal bater o Aston Villa: ou seja, estava obrigado a ganhar para continuar na liderança da Premier League em igualdade pontual com os gunners.

“É importante estar na liderança quando estamos a aproximar-nos do final da temporada. O Arsenal foi imparável na primeira volta e eu sei o quão bons eles são, senti o quão fortes eles estão. Vi isso mesmo nos jogos contra o Everton ou o Brentford, em que não ganharam. E tenho noção de que eles também estão no primeiro lugar. Jogámos contra eles, ganhámos, mas eles continuam no primeiro lugar. Não nos podemos confundir com o facto de eles não terem vencido nos últimos quatro jogos. Não estão minimamente desiludidos, ainda estão vivos e vão continuar vivos até ao fim da época”, disse Pep Guardiola na antevisão da partida, recordando a deslocação ao Emirates a meio da semana em que o City venceu o Arsenal e igualou os londrinos no topo da tabela.

Rúben Dias e Bernardo foram titulares, com Grealish e Foden a surgirem no apoio a Haaland, e o City abriu o marcador ainda na primeira parte e precisamente por intermédio de um português: Bernardo apareceu à entrada da grande área, encheu o pé esquerdo e atirou de primeira para bater Keylor Navas com um grande golo (41′). Os citizens dominaram toda a partida, Haaland teve uma enorme oportunidade para fechar o jogo já no segundo tempo mas falhou e Chris Wood, já dentro dos derradeiros 10 minutos (84′), acabou por empatar e roubar a vitória à equipa de Guardiola.

Assim, o Manchester City não respondeu à vitória do Arsenal e deixou fugir os gunners na liderança da Premier League, com a equipa de Mikel Arteta a ter agora dois pontos de vantagem em relação aos citizens.