O Governo japonês reconheceu esta quarta-feira, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a necessidade de rever a cultura e ambiente de trabalho, dada a situação sombria do país nas classificações internacionais sobre igualdade.

O porta-voz do governo japonês Hirokazu Matsuno apareceu na conferência de imprensa diária com um ramo de mimosas na lapela do casaco, na esperança de que sirva “como um símbolo para conseguir mais pessoas interessadas” na comemoração.

Matsuno estava a reagir à publicação no início do dia do índice da revista britânica Economist sobre a presença e influência das mulheres na força de trabalho, no qual o Japão ocupa a penúltima posição mundial, só à frente da Coreia do Sul.

As mulheres nestes países “ainda têm de escolher entre ter uma família ou uma carreira”, escreveu a publicação, que utiliza elementos como diferença salarial, educação e participação no mercado de trabalho na avaliação.

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No Japão, as mulheres ainda são a principal componente do trabalho temporário no país. Embora a situação de emprego das mulheres tenha melhorado nos últimos anos, Matsuno reconheceu que, para se tornarem mães, “muitas mulheres deixam de trabalhar com contratos permanentes, pelo que ainda há um longo caminho a percorrer” para mudar esta tendência.

“Ainda hoje, a maioria do trabalho doméstico e dos cuidados infantis continua a recair sobre as mulheres, e há problemas como o hábito de trabalhar longas horas e uma consciência conservadora do género e divisão do trabalho” nos casais, disse o porta-voz.

O político afirmou que a atual administração procura construir uma sociedade “que elimine as disparidades salariais entre os sexos e promova mulheres” em cargos de gestão e de responsabilidade, “ao mesmo tempo que incentiva os homens a tirarem licenças de paternidade e organiza condições que permitam o equilíbrio entre trabalho e vida privada”.

O Japão ocupa a 104.ª posição entre 190 no último relatório do Banco Mundial sobre as disparidades de género, devido, entre outros fatores, à falta de leis de igualdade salarial ou legislação para punir o assédio sexual no local de trabalho.

Embora o Dia Internacional da Mulher tenha sido menos observado nos últimos anos do que noutros países, várias manifestações foram organizadas durante o dia, em todo o país.

Na capital japonesa, sob o lema “Contra a discriminação e a violência de género”, a Marcha da Mulher Tóquio arranca às 18h00 (9h00 em Lisboa), em frente à Universidade das Nações Unidas, na área central de Shibuya.