Dois jogos, outras tantas vitórias, o melhor arranque de um selecionador indo ao “desempate” entre os golos marcados e sofridos. Após oito anos de vigência de Fernando Santos na Seleção, com a conquista dos únicos dois títulos do futebol sénior nacional (Europeu de 2016 e Liga das Nações de 2019), Roberto Martínez não poderia desejar outra estreia que não a que teve no comando de Portugal, goleando o Liechtenstein (4-0) e o Luxemburgo (6-0) nos dois primeiros encontros de qualificação para o Europeu de 2024. Agora, numa fase em que todas as competições de clubes entram na fase decisiva mas que é a antecâmara de novo momento das seleções (em junho), o técnico espanhol analisou alguns dos pontos mais relevantes nos primeiro meses como selecionador e voltou a manifestar a sua confiança no capitão de equipa, Cristiano Ronaldo.

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“É um jogador e uma pessoa muito importante no balneário. Joga numa posição determinante, um ponta de lança que pode fazer a diferença. É um jogador com uma experiência única. Não há outro jogador no futebol mundial com 198 internacionalizações e isso é algo muito valioso para nós. Não acho que um jogador com essa experiência precise de uma decisão técnica, de um treinador ou de uma pessoa. É uma decisão do futebol, que tem a ver com o rendimento. Eu tomo decisões difíceis e importantes para a equipa mas é sempre o futebol que toma as decisões. O selecionador deve tomar decisões difíceis para o bem da equipa. A informação que tenho é a informação do trabalho que fazem, e isso é muito importante. Acho que o Cristiano teve um papel muito positivo e importante nos jogos que fizemos em março e é importante continuar com essa atitude no dia a dia”, destacou Roberto Martínez em entrevista à Antena 1.

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“Ronaldo é um jogador muito comprometido. Tem uma oportunidade para ajudar a equipa”, destaca Martínez

E se o capitão continua a ter lugar seguro na Seleção aos 38 anos, o habitual vice-capitão, Pepe, também não foge a isso apesar de já ter chegado aos 40. “A renovação é uma notícia muito boa. É algo importante porque precisamos de experiência. A idade é um número e esse número não é um fator decisivo. O importante é o jogador estar a bom nível, que jogue com boa intensidade e o Pepe está a fazer uma época fantástica. É importante a Seleção poder chamar os jogadores que estão ao melhor nível e um jogador como o Pepe tem uma grande influência para os jovens jogadores na Seleção”, salientou o técnico espanhol.

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Mais uma vez, e olhando para aquilo que foi a primeira concentração do conjunto nacional, Martínez voltou a mostrar-se “muito satisfeito pela atitude”. “Eles trabalharam muito duro, a intensidade no treino foi muito boa e a equipa jogou muito melhor o segundo jogo do que o primeiro. É um processo, um trabalho. É um processo que precisamos de melhorar mas a atitude dos jogadores foi fantástica. Estes jogadores querem ganhar e querem construir uma equipa ganhadora com muito talento e atitude”, referiu, antes de perspetivar o próximo jogo com a Bósnia (dia 17 no Estádio da Luz, seguindo-se a Islândia fora no dia 20): “Eles jogam com uma linha de cinco defesas. Têm um novo treinador com umas ideias muito claras e é muito importante que nos adaptemos a isso para as nossas necessidades e para as qualidades do adversário”.

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Por fim, o selecionador falou também da sua maneira de jogar e dos novos nomes que estão na calha para a Seleção. “A minha matriz não é uma estrutura rígida, é uma estrutura flexível que precisa de muitos jogadores na linha de ataque, de jogadores para defender rápido. Acho que temos que ser flexíveis. Há partidas em que precisamos ter três centrais e há outras em que não. É importante atacar minimamente com seis jogadores mas tendo equilíbrio com as fases de transição. As nossas qualidades são de jogadores de ataque, de jogadores que precisam ter a bola, precisam de ganhar a bola rapidamente”, frisou. “A Seleção precisa ter uma mentalidade aberta e fazer um ambiente de alto rendimento. É importante ter jogadores como o Toti Gomes, que tem feito boas partidas nos Wolves, e que tem um perfil interessante… Precisamos de seguir jogadores assim. O Diogo Leite fez uma época muito boa na Bundesliga (…) Conheço os jogadores portugueses jogam nas cinco grandes ligas mas o André Almeida, do Valencia, foi uma surpresa. É um médio muito moderno. Joga à frente, tem muita capacidade técnica. É um nome novo para mim (…) É importante ter jogadores com experiência mas também chamar jogadores que estão num bom momento”, acrescentou.

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