O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, mostrou-se, esta quinta-feira, “confiante” de que as “tropas ucranianas têm capacidade para reconquistar os territórios ocupados”, principalmente após o apoio fornecido pelos membros da aliança, que o responsável sublinhou que foi “evoluindo” em “diferentes facetas” nos últimos tempos — desde sistemas antiaéreos até a mísseis cruzeiros de longo alcance. O líder da aliança militar transatlântica nunca mencionou, no entanto, o papel que os caças F-16 poderiam ter numa futura contraofensiva — um pedido incessante de Kiev, que até se tem referido a uma “coligação” de países para o efeito.

No Palácio de São Bento, ao lado do primeiro-ministro António Costa, o líder da NATO saudou o envio de mísseis cruzeiros de longo alcance para a Ucrânia e até elogiou a disponibilidade do Ocidente para treinar pilotos ucranianos para que estes possam vir a utilizar caças. Não obstante, o secretário-geral da NATO não fez qualquer menção sobre a “coligação de caças”, que os Países Baixos e o Reino Unido já se propuseram apoiar.

Sobre o apoio a Kiev, Jens Stoltenberg garantiu que a NATO vai ficar “ao lado da Ucrânia” o tempo que for necessário e espera que haja um aprofundamento das relações na cimeira de Vilnius, que se realiza em julho, dizendo que quer ver ultimada a estratégia que permita à Ucrânia, na área da Defesa, transitar da “era soviética para a doutrina da NATO”.

A pensar nessa mesma cimeira, o secretário-geral da NATO mantém a expectativa de que os Estados-membros se comprometam a atingir um investimento na área de Defesa na linha dos 2% do PIB. Aliás, o líder da NATO incentivou os aliados para que “invistam mais na Defesa” e na estratégia de “dissuasão”.“Há muitos desafios que ninguém pode enfrentar sozinho no mundo”, justificou, vincando que é “preciso que se faça mais”.

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Relativamente a Portugal, o líder da aliança agradeceu o envio dos três carros de combate Leopard 2 para a Ucrânia e também o esforço para aumentar os gastos na Defesa.

Costa: “A primeira grande derrota do Presidente russo foi a revitalização da NATO”

Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, sublinhou que Portugal e a NATO têm uma “relação muito próxima” e trabalham em conjunto para o “fortalecimento” da aliança transatlântica, acreditando que a NATO deverá sair mais forte após a Cimeira de Vilnius.

Em 2015, ano em que António Costa se tornou primeiro-ministro, a comunidade internacional não imaginava “uma guerra nas fronteiras da NATO, em que se verificou uma mudança radical no contexto geopolítico”. “Alguns Chefes de Estado” julgavam que a NATO estava enfraquecida, sublinhou o líder do Executivo, recordando as palavras do Presidente francês, Emmanuel Macron, qundo, em 2019, afirmou que a aliança estava em “morte cerebral”.

Oito anos depois, o contexto modificou-se e a aliança provou ser um “reforço” no contributo para a paz e para a liberdade da Europa, destacou António Costa, que definiu que a “primeira grande derrota do Presidente russo foi a revitalização da NATO”.

É, assim, uma “prioridade” da aliança apoiar a Ucrânia, defende o primeiro-ministro, reforçando que a Rússia não pode “ganhar esta guerra”, para que se abra caminho para uma era de “paz justa e duradoura”, pautada pelo respeito do Direito Internacional.