Os vereadores do BE e da CDU da Câmara do Porto defenderam esta segunda-feira, na sequência dos resultados do 2.º trimestre do programa de consumo vigiado implementado na cidade, ser necessária uma maior intervenção da autarquia e do Estado.

Em declarações aos jornalistas, à margem da reunião privada do executivo, o vereador do BE, Sérgio Aires, destacou que os resultados do segundo trimestre do programa são “francamente positivos”.

De acordo com o relatório, a que a Lusa teve esta segunda-feira acesso, entre dezembro de 2022 e fevereiro de 2023, foram admitidos 618 novos utilizadores na sala de consumo assistido.

“Apesar de se registar uma progressiva diminuição do número de novas admissões, o programa mantém uma média de 200 novos utilizadores por mês”, indica o relatório, notando que se continua a verificar uma “acentuada prevalência de utilizadores que consomem drogas por via fumada (545) em comparação com os utilizadores que fazem da via injetada a via de consumo preferencial (73)”.

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À semelhança do 1.º trimestre, continua-se também a verificar “uma prevalência” da combinação Heroína e Crack, substância consumida por 314 utilizadores.

O relatório traça ainda o perfil sociodemográfico de 338 consumidores, concluindo que, destes 122 são residentes do concelho do Porto, 140 de outros municípios da Área Metropolitana do Porto e 76 de outros concelhos do país.

“É de salientar, ainda, que das 338 pessoas identificadas, 157 encontram-se em situação de sem-abrigo”, lê-se no documento.

Perante estes resultados, o vereador do BE salientou a necessidade da “gestão, avaliação e continuidade” desta resposta estar “sob a alçada do município” do Porto, considerando que as opções da autarquia “são muito mais interessante do que um organismo qualquer central do Estado”.

Defendendo ser “normal” a utilização do espaço por consumidores que não são residentes no Porto, Sérgio Aires considerou, no entanto, que a resposta pode ser “partilhada por todos os municípios da Área Metropolitana do Porto”, passando por uma “estratégia integrada”.

Já a vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, defendeu ser necessária uma maior atuação do Estado.

“É necessário que da parte da administração central haja uma atenção maior porque não basta resolver o problema num sítio”, referiu, defendendo ser preciso uma “intervenção mais forte” de apoio aos toxicodependentes.

“A administração central tem de ter uma intervenção mais forte e integrada”, acrescentou.