Boris Johnson entregou os seus cadernos do tempo da pandemia e mensagens do WhatsApp não editadas ao Cabinet Office, o órgão que supervisiona a ação do governo do Reino Unido. O antigo primeiro-ministro britânico desafiou Rishi Sunak e outros ministros a fazer o mesmo.

De acordo com o The Telegraph, o material exigido pelo Covid Inquiry — que está a investigar como é que os ministros lidaram com a pandemia de Covid-19 — deverá ser entregue até às 16h00 desta quinta-feira. Boris Johnson mostrou-se disponível e afirmou que gostaria que todas as suas informações fossem apresentadas, pressionando o atual primeiro-ministro, Rishi Sunak, e outros ministros a seguirem o exemplo.

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No entanto, até ao momento o governo tem se recusado a entregar as mensagens sem que sejam revistas e editadas. Segundo o mesmo jornal, um aliado de Boris Johnson afirmou que a postura do governo mostra que o primeiro-ministro britânico está a ser protegido, levando a que o receio de que o inquérito não consiga chegar à verdade sobre as decisões tomadas durante a pandemia aumente.

“Embora o senhor Boris Johnson compreenda a posição do governo e não procure contradizê-la, está perfeitamente satisfeito com o facto de o inquérito ter acesso a este material sob qualquer forma que seja necessária”, disse o seu porta-voz, citado na BBC News.

O Cabinet Office afirmou que não quer que as mensagens completas sejam entregues ao inquérito uma vez que muita da informação seria irrelevante e comprometeria a vida privada dos ministros, argumentando que os mesmos devem ter o direito de discutir políticas em privado.

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Por sua vez, a ex-juíza Heather Hallet, chairwoman do inquérito, disse que era o seu papel, e não do governo, decidir o que era relevante, ameaçando o executivo com uma ação judicial se, até à hora estipulada, não forem entregues as cópias completas das comunicações.

O Covid Inquiry surgiu em 2021 depois de o Reino Unido ter registado um dos números mais elevados de mortes por Covid-19 a nível mundial. A investigação incide sobre a gestão governamental da pandemia — em termos de saúde pública e económica — em especial no início, quando o Reino Unido foi um dos países  que mais tempo demorou a reagir.

De acordo com a Reuters, com eleições legislativas previstas para 2024, a análise das decisões tomadas durante a pandemia poderá ser “politicamente incómoda” para Boris Johnson e Rishi Sunak, que era Ministro das Finanças na época.