O Ministro do Ambiente e Ação Climática defendeu esta terça-feira que o futuro da floresta passa pela constituição de Áreas Integradas de Gestão da Paisagem (AIGP), e destacou que já existem 70 nas zonas mais afetadas pelos incêndios rurais.

Nós temos claramente uma aposta forte na AIGP, que tem como objetivo, e como se viu esta terça-feira no caso de Mação, com um gestor das áreas integradas, poder transformar pequenas propriedades em propriedades geríveis com capacidade de gerar rendimento económico para cada um dos seus proprietários”, disse à Lusa Duarte Cordeiro.

O ministro do Ambiente falava à Lusa à margem da visita realizada esta manhã a Mação (Santarém), numa comitiva liderada pelo primeiro-ministro António Costa, a um município que se debate de forma recorrente com o problema dos fogos florestais, fenómeno associado à desertificação do território, e que esta terça-feira, com nove AIGP constituídas, que representam mais de 50 por cento do território, é “exemplo para o país” e as boas práticas entre entidades públicas e privadas.

Segundo afirmou Duarte Cordeiro no Centro Cultural de Mação, estão constituídas neste momento 70 áreas integradas de gestão da paisagem nas zonas mais afetadas pelos incêndios rurais, representando mais de 50% do território do concelho.

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Criar condições para uma gestão florestal ativa significa estreitar as sinergias entre os parceiros públicos e privados e ainda transformar a paisagem para reduzir o risco de incêndio rural e aumentar a resiliência dos territórios”, afirmou o governante, destacando os objetivos de “inverter tendências de perda de valor dos ativos florestais, aumentar o investimento e o ordenamento na floresta, remunerar os serviços de ecossistema fornecidos à sociedade pelos espaços florestais“.

Em síntese, o futuro da floresta, disse António Costa na sua intervenção no Centro Cultural de Mação, passa por “transformar a paisagem” e, ao mesmo tempo, “introduzir rendimento aos territórios através da gestão integrada”, tendo Duarte Cordeiro reforçado a ideia de “criar mais oportunidades económicas nos territórios rurais, fixar o talento, e aumentar a capacidade de gestão”.

Com 41 mil hectares de área, 122 lugares e aldeias onde residem cerca de 7.000 habitantes e 90% de mancha florestal, Mação tem um cadastro territorial que identifica mais de 20 mil proprietários de pequenas parcelas de terreno (minifúndio), com 0,7 hectares.

“O que queremos é apoiar a gestão integrada e tentar impedir que a propriedade florestal se reduza a tamanhos tão pequenos que torne cada vez mais difícil essa gestão integrada”, disse Duarte Cordeiro, notando a importância da “reforma da propriedade rústica”, em processo que deverá ser apresentado a tempo do próximo Conselho Florestal, em outubro.

De manhã, o primeiro-ministro já tinha advertido que a reforma estrutural da floresta é um “desafio para décadas”, apelando a que não se perca tempo e defendendo que “tudo o que se fizer é pouco” para mitigar o risco de incêndios.

Em declarações aos jornalistas depois de ter visitado, faixas de intervenção em gestão de combustível em Ortiga e a zona de boas práticas de gestão integrada no Alto da Caldeirinha, ambas no concelho de Mação, António Costa salientou que, “todos os anos, o risco de incêndios aumenta com as alterações climáticas“.

O primeiro-ministro referiu que, caso a humanidade consiga atingir as metas fixadas no Acordo de Paris – manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus até ao final do século -, o risco de incêndios florestais em Portugal irá, ainda assim, aumentar seis vezes.

Portanto, tudo o que se fizer, é pouco para garantir o reforço que nós temos para enfrentar este aumento do risco”, sublinhou.

António Costa está esta terça-feira a visitar ações de prevenção florestal. Depois de ter estado em Mação, o primeiro-ministro irá também ao Sardoal e a Pedrógão Grande, onde participará na cerimónia de inauguração de um memorial em homenagem às vítimas dos incêndios de 2017.