Água Akbal Pinheiro, líder do autodenominado Reino do Pineal, foi constituído arguido no caso que investiga a morte de um bebé de 14 meses, filho do líder da seita, em abril de 2022.

A informação foi avançada pelo jornal Expresso, que adianta que, além de Akbal Pinheiro (nome assumido por Martin Junior Kenny), também a mãe da criança e antiga companheira do líder espiritual é arguida no processo. A investigação da Polícia Judiciária (PJ) e do Ministério Público (MP) de Coimbra pretende apurar se está podem estar em causa crimes de homicídio por negligência ou omissão, exposição a perigo ou abandono ou profanação de cadáver.

O bebé terá nascido de parto natural em fevereiro de 2021 dentro da comunidade espiritual instalada em Oliveira do Hospital. Ao longo da sua curta vida, a criança nunca teve acompanhamento médico e nunca foi registada junto do Estado português. De acordo com Akbal Pinheiro, o filho terá morrido devido a um problema no fígado, tendo a comunidade cremado o corpo e espalhado as cinzas pelo Rio Mondego.

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No seu canal de YouTube, o líder da seita contou que, na sequência das buscas que, esta semana, juntaram dezenas de operacionais da PJ, DIAP de Coimbra, GNR, Segurança Social e profissionais de saúde, foi (junto com outros membros da comunidade) levado pelas autoridades para interrogatório, que terá durado mais de cinco horas. Akbal Pinheiro queixou-se de ter sido pressionado a assinar documentos contra a sua vontade, com os inspetores a dizerem-lhe que “não estava detido, mas que não era livre para sair” das instalações.

O ex-chef de cozinha admitiu ainda que as autoridades encontraram droga na propriedade de Oliveira do Hospital: de acordo com Akbal Pinheiro, tratar-se-ia de “marijuana e cogumelos psicadélicos” usados “nas cerimónias espirituais” da seita, rejeitando que esteja em causa qualquer ilegalidade. “Não temos nada a esconder”, assegura no vídeo.

Água Akbal Pinheiro acusou ainda as autoridades de estarem a deter contra a sua vontade a atual companheira e a filha bebé do casal, que terão sido levadas da comunidade para se averiguar o seu quadro clínico. “Não me deram nenhuma razão para acharem que a minha filha corria perigo por minha causa”, afirmou, acrescentando que quer saber “quando é que elas serão libertadas.”

Uma fonte da investigação contactada pelo Expresso garantiu que a criança está bem e a ser acompanhada por um pediatra, garantindo que a prioridade é assegurar “o bem-estar da bebé”.

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