13 de junho de 1943. Uma equipa de sete aviadores, a bordo de um Lancaster ED603, dirigia-se para a cidade de Bochum, na Alemanha, para um bombardeamento em massa. A missão acabou por ser bem sucedida, mas, no regresso a casa, a aeronave, que liderava mais 503 idênticas, acabou por ser abatida, caindo no Lago Issel, nos Países Baixos.

Foram registadas sete mortes, mas apenas quatro corpos foram encontrados. A localização dos outros três é um mistério com mais de 80 anos. Que pode estar prestes a chegar ao fim.

Através do fundo nacional de resgate de naufrágios, que representa um investimento de 15 milhões de euros, os Países Baixos começaram há cerca de um mês a examinar os destroços do bombardeiro britânico. Apesar de a investigação decorrer lentamente, sendo revelados cerca de 20 centímetros da aeronave por dia, a recente descoberta indica que os corpos dos três aviadores desaparecidos terão sido finalmente encontrados.

“Encontrámos os primeiros restos de esqueletos. Neste momento, não podemos dizer mais do que isso”, explicou o capitão Geert Jonker, comandante da unidade de recuperação e identificação do Exército Real Holandês, ao The Guardian.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ao vasculhar a “enorme caixa de metal situada no meio do lago”, os especialistas holandeses encontraram o que acham ser os restos de Arthur Smart, engenheiro de 27 anos, Charles Sprack, artilheiro médio-superior de 23, e Raymond Moore, operadora de 21.

“Ainda é cedo… Mas não há dúvida de que os restos mortais que encontrámos vêm de um dos aviadores desaparecidos”, declarou o capitão.

É estimado que a operação de salvamento dure, pelo menos, cinco semanas, visto que, além da analisar os restos da aeronave, terá de desarmar material explosivo.

No que diz respeito aos três aviadores desaparecidos, da mesma equipa dos quatro homens que foram encontrados poucos dias depois da queda do avião e enterrados nos Países Baixos, os testes de ADN aos restos mortais não são uma possibilidade.

“A principal missão da minha equipa é estabelecer o número mínimo de indivíduos: três tripulantes estão desaparecidos e cabe-nos verificar se temos restos mortais das três pessoas”, disse o capitão, acrescentando que os corpos serão levados para laboratórios militares neerlandeses, sendo propriedade do Ministério da Defesa e da Comissão de Túmulos de Guerra da Comunidade Britânica.

“O objetivo deste programa nacional é encontrar aviadores desaparecidos, dar-lhes um túmulo com nome e ajudar a fazer o luto das famílias”, rematou.

Ainda que este acidente tenha acontecido em 1943, o local só foi desvendado em 1996, por um grupo de pescadores locais que recolheram o motor e entregaram-no ao museu do grupo Stichting Aircraft Recovery, que, como o nome indica, se dedica a recuperar maquinaria aérea.

A partir desse momento, a organização abriu uma investigação, tendo encontrado os primeiros restos humanos em 2016, provando que havia mais tripulantes desaparecidos no local.

Tal levou a que os familiares dos aviadores desaparecidos contactassem o município de Sudwest-Fryslân, que ganhou o fundo, para a recuperação dos restos mortais de cerca de 5.500 aeronaves. Segundo o The Guardian, o governo neerlandês acredita que ainda 400 aviões de guerra contêm restos mortais.