Luís Marques Mendes questionou a razão pela qual uma das medidas anunciadas recentemente pelo Governo para ajudar as famílias — e que será aprovada esta semana — não foi tomada mais cedo. Em causa está um desconto à prestação calculada com base nas atuais taxas de juro e que se manterá nos próximos dois anos. “Se isto não custa dinheiro ao Orçamento do Estado porque é que não se fez mais cedo?”, questionou o antigo líder social-democrata.

No habitual espaço de comentário na SIC, este domingo, explicou que “nestes próximos dois anos, quando a situação é mais crítica, [vai] haver uma espécie de moratória de juro”, em que “uma pessoa paga menos juros nos próximos dois anos e depois compensa” pagando um pouco mais. “Isto não tem custo para o Estado, é uma engenharia financeira”, acrescentou.

Considerando “ótimo” que a medida tenha sido anunciada, Marques Mendes voltou à pergunta: “Porque é que não foi feito há seis meses? Às tantas, algumas pessoas precisavam mais desta ajuda, uma ou outra já perdeu [entretanto] a sua casa à custa disto“. O comentador destacou ainda uma outra medida que o Governo anunciou, que é o aumento do “apoio à bonificação de juros em determinadas circunstâncias porque o apoio que existe até ao momento é de apoiar 10, 15 mil famílias”.

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Marques Mendes defendeu também que o Banco Central Europeu devia ter começado mais cedo a aumentar as taxas diretoras para controlar a inflação, na semana em que Christine Lagarde anunciou mais uma subida, que poderá contudo ser a última. A terapia é dura. E porventura começou tardiamente”, mas o resultado final “é muito bom”. O resultado final é “baixar a inflação”. “Você não pode viver muito tempo com a inflação muito alta”. “era inevitável aquilo que o BCE fez, agora, porventura, deveria ter começado mais cedo”.

Sobre o novo livro de Cavaco Silva dedicado à arte de governar, Marques Mendes disse que o antigo Presidente da República tem “uma grande relevância porque sempre que fala ou que escreve ou sempre que se fala que vai falar ou escrever é um grande sururu”. O comentador político salientou que o que é surpreende não são as críticas de quem lê o livro e não concorda com ele, mas sim que “um conjunto grande de pessoas se tenha pronunciado sobre o livro sem o conhecer”, se tenha pronunciado sem que o autor tivesse apresentado a obra.

Para Marques Mendes isto demonstra “má vontade, até algum preconceito, até falta de tolerância democrática”. “Quando estamos a falar de um ex-Presidente ou de ex-primeiro-ministro, eu acho que estas pessoas não têm só o direito de falar, têm o dever de falar ou de escrever”, afirmou, antes de destacar as quatro maiorias absolutas e os dez anos de governação de Cavaco Silva.