Fernando Villavicencio nunca teve medo de enfrentar “lobos”, nome do segundo maior gang do Equador, nem “sicários” [como a América Latina se refere aos assassinos contratados]. Aliás, horas antes de ser morto com três tiros na cabeça, o candidato presidencial no Equador desafiou-os, dizendo que o “tempo das ameaças” tinha terminado. E agora foram os suspeitos do seu homicídio os alvos abatidos.

Seis colombianos acusados de assassinar o ex-jornalista, a 9 de agosto, foram mortos na prisão esta sexta-feira. A notícia foi dada pela agência de prisões do Equador (SNAI), que disse que os seis suspeitos, que foram presos no próprio dia da morte de Villavicencio — tendo um sétimo homem sido morto pela polícia — foram assassinados no Centro de Privación de Libertad No.1, na província de Guayas.

O governo do Equador já lamentou as mortes, tendo inclusivamente o Presidente Guillermo Lasso adiado a sua visita a Seoul, na Coreia do Sul, para regressar imediatamente ao país.

“Na sequência da informação dos seis crimes ocorridos no Centro de Privación de Libertad No.1, em Guayaquil, ordenei uma reunião imediata do Gabinete de Segurança”, começou por escrever na rede social X, antigo Twitter. 

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Não haverá cumplicidade, nem encobrimento. A verdade será conhecida aqui”, rematou.

Além de ter dito que os seis suspeitos eram de nacionalidade colombiana, o SNAI não deu mais informações sobre o caso. No entanto, o Governo garante que ainda está determinado a identificar quem assassinou Villavicencio.

Família de Villavicencio acusa Presidente do Equador de assassínio por omissão

O candidato, que tinha como principais lutas o combate à corrupção, narcotráfico e aos gangues, assim como as questões ambientais, foi assassinado a menos de uma semana das eleições gerais do Equador. Apesar de nunca ter sido o favorito nas sondagens, chegou a alcançar o segundo lugar, com 13,2% de intenções de voto, podendo assim disputar a segunda volta. No entanto, os seus assassinos tornaram-no impossível.

A morte de Villavicencio, identificado como um crítico do ex-Presidente Rafael Correa (2007-2017) e que, como jornalista, divulgou documentos confidenciais que revelavam que o governo expiava opositores políticos e jornalistas, começou por ser reivindicada pelo segundo maior gang do Equador, Los Lobos. No entanto, o grupo com cerca de oito mil elementos veio a desmentir que tinha estado envolvido no assassinato.

Equador. De jornalista a candidato presidencial morto: quem era Fernando Villavicencio?