O provérbio assegura que, quando se fecha uma porta, abre-se uma janela. No entanto, quando se fecham dezenas de janelas, o problema agrava-se. E foi contra isso que as prostitutas que trabalham no Red Light District se manifestaram nas ruas de Amesterdão, esta quinta-feira.

As estradas que seguiam para a câmara municipal da capital dos Países Baixos encheram-se de pessoas mascaradas, cartazes de protesto e de gritos contra as recentes decisões da presidente, Femke Halsema, que quer criar um “centro erótico”, fora da grande cidade, e mover o caos do bairro De Wallen para lá.

O principal objetivo de Halsema, nomeada em 2018, é de reduzir o número de “turistas incómodos”, que “só vão a Amesterdão para beber, drogas e sexo”, tornando também o bairro mais seguro. Como tal, em maio, lançou a campanha “Stay Away”, que levou à proibição de canábis e ao toque de recolher mais cedo, tendo os profissionais do sexo sido obrigados a fechar as montras às 3 horas. Desta vez, tem um plano para os expulsar mesmo de lá.

O “Red Light District” de Amesterdão dificilmente continuará o mesmo. O problema não é a prostituição, são os telemóveis e turistas

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“Se as prostitutas não têm culpa, porque é que são elas as castigadas?”, estava escrito num dos cartazes que compôs a manifestação contra a transferência de 100 das 230 prostitutas com licença — número noticiado pela revista Time — para outro local que está ainda a ser estudado pela câmara municipal.

“Trata-se sobretudo de combater as multidões em De Wallen. Mas a culpa não é nossa, por isso não entendo por que devemos ser punidos por isso”, declarou uma prostituta identificada como Lucie ao The Guardian, acrescentando estar contra “este grande projeto de gentrificação”.

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Os trabalhadores do sexo não são os únicos a condenar a atitude de Halsema em relação ao Red Light District. Os residentes dos locais averiguados para serem o novo “centro erótico”, que terá 100 quartos para as prostitutas, também não estão felizes.

“Não queremos que o maior bordel da Europa venha para o nosso bairro. Não queremos isso. Queremos que fiquem aqui”, disse Cynthia Cournuejouls, 42 anos, que vive no sul de Amesterdão, local onde também está sediada a Agência Europeia do Medicamento (AEM).

Em abril, quando foi anunciada a campanha “Stay Away”, a AEM já tinha mostrado ser contra esta iniciativa, por atrair milhões de pessoas, o que pode colocar em causa a segurança da agência “A AEM está a agir ao mais alto nível político e diplomático apropriado, em total coordenação com a Comissão Europeia, para garantir um ambiente de trabalho seguro para funcionários e especialistas”, disse à ANP.

Já mais de 20 mil pessoas assinaram a petição contra a criação de um “centro erótico” e a pedir que, em vez disso, haja um maior controlo da multidão e vigilância policial.

Prostitutas protestam contra fecho das montras no bairro das luzes vermelhas em Amesterdão