Após um arranque pouco conseguido de Seria A, a Roma começa a espreitar os lugares europeus. Ainda assim, os giallorossi estão longe de serem uma equipa consistente. Nos últimos quarto jogos, o emblema da capital italiana tinha vencido só um e com uma reviravolta no último suspiro. A receção à Udinese, equipa que ocupa os últimos lugares da tabela, era a oportunidade ideal para José Mourinho dar início a uma sequência de triunfos, algo que o treinador português assume que não tem sido comum devido a fatores invulgares.

“Tive equipas que eram um gangue de bandidos, que desfrutavam quando jogavam fora de casa. Nós, como equipa, não fazemos isso, há aqui pessoas que gostam da comodidade de casa, porque têm saudades da mamã, do papá ou dos doces da avó. Aqui temos um pouco esse problema”, disse José Mourinho. “Temos de dar mais. Tive equipas que provocavam os adeptos adversários ainda dentro do autocarro, porque queriam contagiar-se com o ambiente antes de entrarem no jogo. Em casa, normalmente, conseguimos alcançar os nossos objetivos, às vezes, no último minuto. Falta mudar a mentalidade fora de casa”.

José Mourinho tem contrato até final da temporada. Com o acentuar dos rumores sobre uma eventual mudança para a Arábia Saudita, o técnico romanista tem sido constantemente questionado sobre uma possível renovação com o clube italiano. Apesar de existirem conversas com a direção do clube, ainda não há um novo contrato em cima da mesa. “Com a equipa tem que haver empatia, estamos sempre juntos, é uma empatia funcional. Com a direção é uma situação diferente: eu estou aqui, eles estão lá. Sou pago para evitar problemas com os donos, significa que eles têm que confiar a vida deles no meu trabalho”, referiu o Special One. “A última vez que falei com eles [donos] foi ontem, mas não falei sobre o contrato”.

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A Udinese visitava o Estádio Olímpico após ter trocado de treinador. Nos quatro primeiros jogos no comando, Gabriele Cioffi conseguiu a primeira vitória do clube na Serie A, contra o AC Milan, e um empate, frente à Atalanta. “Acredito que a Roma tem princípios e temos que nos preparar. A fisicalidade de Lukaku é incontrolável para a maioria dos defensores da Série A. Também acredito que a Roma não nos vai subestimar, espero que sim, mas não acho que possa acontecer. O importante é saber que atitude precisamos para jogar contra uma equipa como a deles. Temos que olhar para nós mesmos. Se soubermos sofrer então talvez possamos causar-lhe problemas”, afirmou Cioffi.

Como é imagem de marca da Roma, a equipa de Mourinho entrou em campo sem um volume ofensivo acentuado. Porém, era uma questão de espera pela oportunidade certa para que os artistas pudessem brilhar. Paulo Dybala fez uso da qualidade superlativa que tem na cobrança de bolas paradas e guiou a bola até à cabeça de Gianluca Mancini (29′). Uma vez em vantagem, os giallorossi baixaram a guarda e deixaram de arriscar um cêntimo do ponto de vista ofensivo. A Roma não quis apostar nada, mas acabou por pagar caro na mesma. A Udinese aproveitou a passividade da equipa da capital e aproveitou para fazer o empate. Payero tirou um cruzamento bem medido e Florian Thauvin (59′) foi encostar para o empate.

Por vezes, é difícil perceber como é que a Roma quase se recusa a atacar, quando, nos momentos em que o faz, acontecem maravilhas como as que se viram a seguir, na reação à situação de apuros. Num desenho ofensivo requintado, Lukaku ofereceu um apoio frontal e, de primeira, o belga serviu na perfeição Dybala (81′). O argentino deixou os giallorossi na frente e a equipa não voltou a cometer o erro de deixar o jogo adormecer, partindo para o terceiro. Já com Salvatore Foti, adjunto de Mourinho expulso, Lukaku voltou a chamar a si as atenções da defesa da Udinese. A partir daí, Bove abriu na esquerda em El Shaarawy (90′) que fez o terceiro com um belo remate em arco.

Beneficiando das derrotas de Fiorentina e AC Milan, a vitória por 3-1 volta a colocar a Roma em zona de acesso às competições europeias. A equipa de José Mourinho está agora no quinto lugar, a três pontos do Nápoles, a primeira equipa em lugar de classificação para a Liga dos Campeões.