O Conselho de Redação da TSF revelou esta sexta-feira que a administração do Global Media Group, que é proprietário da rádio, tomou a decisão de colocar “em pausa” todos os programas que tenham a participação de colaboradores externos.

A administração justificou a decisão — que afeta “todos os espaços de opinião e análise política” e programas como Café Duplo, Não Alinhados e Bloco Centralcom a “entrada de uma nova direção” na TSF para “breve”, após a atual demissão se ter demitido em bloco há algumas semanas, menos de três meses após ter assumido funções.

Direção da TSF demite-se menos de três meses depois de assumir funções

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Em comunicado a que o Observador teve acesso, o Conselho de Redação descreve esta medida como um “ato inédito na história da TSF: a somar à razia entre os trabalhadores, junta-se agora uma razia na antena”. “Nunca a TSF esvaziou a programação antes da entrada de uma nova direção e muito menos por decisão imposta pela administração, no caso, a uma direção demissionária. Sabendo-se que ‘suspensos de antena’ não passa de um eufemismo para retirados da antena”, denunciaram os jornalistas que fazem parte desse órgão.

Esta decisão editorial determinada pela administração choca frontalmente com todos os princípios pelos quais um órgão de comunicação social deve reger-se numa sociedade democrática.”

Para o Conselho de Redação, “não é admissível uma ingerência da administração que, tal como esta, coloca em causa a liberdade de ação de uma direção que, embora demissionária desde o dia 12 de dezembro, não fica com as suas capacidades editoriais eliminadas”. “Ao suspender os programas, a intenção, como facilmente se conclui, é dar à futura direção uma antena praticamente vazia para ser construída uma grelha quase a partir do zero”, alerta, caracterizando a decisão como tendo “contornos surreais” e que retira “a esmagadora maioria das mais valias da antena substituindo-as por nada, não se sabe durante quanto tempo”.

No mesmo comunicado, o Conselho de Redação da TSF revela que os jornalistas ficaram sem o serviço da agência AFP, uma “das ferramentas essenciais para o funcionamento de uma redação”.

Naquele que descrevem como o “período mais crítico da história da TSF”, os membros eleitos do Conselho de Redação, com “enorme preocupação e indignação”, dizem constatar “aquilo que pode definir-se como um processo de autodestruição da rádio que está a ser levado a cabo pela administração”.

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