O Natal do Manchester United trouxe a notícia de que Jim Ratcliffe, bilionário britânico que é dono da Ineos, adquiriu 25% do capital do clube. O empresário, adepto dos red devils desde criança e há muito interessado em entrar na administração, vai ficar com todas as responsabilidades desportivas e investir diretamente no mercado de transferências e na eventual remodelação (ou até demolição) de Old Trafford. Mas também pode decidir sobre a saída ou manutenção de Erik ten Hag.

Jim Ratcliffe chegou oficialmente ao Manchester United numa altura em que os ingleses levavam quatro jogos consecutivos sem ganhar, entre Bournemouth, Bayern Munique, Liverpool e West Ham, assim quatro jogos consecutivos sem marcar qualquer golo. Mais do que isso, Jim Ratcliffe chegou oficialmente ao Manchester United num Natal em o clube já está arredado da luta pela Premier League, eliminado da Taça da Liga e fora das competições europeias.

Engenheiro, com presença no ciclismo e com tudo para decidir sobre Old Trafford: Jim Ratcliffe, o bilionário que comprou 25% do United

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Por tudo isso e muito mais, pediu “tempo e paciência”. “Quis escrever-vos neste momento para sublinhar o papel crítico dos adeptos no futuro do Manchester United e enquanto reconhecemos a nossa responsabilidade como cuidadores do clube em vosso nome. Acredito que posso trazer sucesso desportivo em campo para complementar o sucesso comercial inquestionável de que o clube beneficia. Mas isso vai exigir tempo e paciência, assim como rigor e o nível mais elevado de gestão profissional”, indicou Jim Ratcliffe numa carta aberta enviada ao Manchester United Supporters’ Trust.

Neste contexto, no Boxing Day, o Manchester United recebia um dos adversários mais complexos: o Aston Villa de Unai Emery, 3.º classificado da Premier League e sem perder desde os primeiros dias de novembro. Ten Hag lançava Garnacho, Bruno Fernandes e Rashford no apoio direto a Højlund, com o jovem Kobbie Mainoo a ser titular no meio-campo e McTominay a começar no banco. Do outro lado, Ramsey, McGinn e Leon Bailey apareciam nas costas de Ollie Watkins, com Douglas Luiz e Dendoncker a surgirem no setor intermédio.

O Aston Villa abriu o marcador à passagem dos 20 minutos iniciais, com McGinn a aproveitar um livre lateral para cruzar e a bola a seguir direitinha para dentro da baliza (21′), num lance em que André Onana não ficou propriamente bem na fotografia. Pouco depois, na sequência de um canto na direita, Lenglet desviou ao segundo poste e Dendoncker apareceu no meio de um mar de adversários a desviar quase sem oposição para aumentar a vantagem (26′). Ao intervalo, o Manchester United estava a preparar-se para mais uma noite de pesadelo em Old Trafford.

Nenhum dos treinadores fez alterações no início da segunda parte e os red devils mostraram desde logo que queriam ir atrás do prejuízo: numa das melhores jogadas da equipa de Erik ten Hag no jogo, Bruno Fernandes e Rashford combinaram e Garnacho acabou a finalizar na cara de Emiliano Martínez (48′). O golo, porém, foi anulado por fora de jogo do argentino. Unai Emery reagiu com uma substituição forçada, trocando o lesionado Digne por Álex Moreno, e a verdade é que Garnacho só precisou de mais uns minutos para voltar a marcar e a contar.

O Manchester United recuperou a bola em zona elevada, Rashford desequilibrou na esquerda e tirou um passe perfeito para o poste mais distante, onde Garnacho apareceu a desviar para reduzir a desvantagem (59′). O Aston Villa afundou na partida, numa exibição bem abaixo daquilo que tem feito ao longo da temporada, e Garnacho aproveitou para bisar e empatar com um remate já na área que ainda desviou em Douglas Luiz e enganou Martínez (71′).

Unai Emery fez uma dupla substituição depois de sofrer o segundo golo, lançando Zaniolo e Diaby, e Ten Hag respondeu com Antony e McTominay antes de Old Trafford explodir de alegria: canto na direita, alívio incompleto de McGinn e Højlund, com um remate de raiva, atirou para carimbar a reviravolta e estrear-se finalmente a marcar na Premier League (82′).

Já pouco aconteceu até ao fim e o Manchester United acabou mesmo por vencer o Aston Villa em casa, encerrando a série de quatro jogos sem vencer e sem marcar e subindo ao 6.º lugar da Premier League. A receita dos red devils, afinal, não inclui só “tempo e paciência”: também junta uma pitada de Alejandro Garnacho.