Depois de várias divisões da PSP começarem a comunicar avarias nos carros patrulha como forma de protesto, Barros Correia, diretor nacional da PSP desde setembro do ano passado, avançou esta terça-feira que está a ser feito um levantamento dos carros que estão inoperacionais e que estão a ser priorizadas as “reparações mais ligeiras”.

Barros Correia não criticou o protesto que começou no domingo à noite, adiantando que “as forma de luta” estão ainda em avaliação. “Importa perceber o que aconteceu, porque efetivamente houve viaturas que ficaram inoperacionais, mas isso é o que acontece com alguma frequência”, acrescentou. Em relação a Lisboa, Barros Correia referiu ainda que também “está a ser feito um levantamento relativo às necessidades das viaturas”.

“Inoperacional.” Agentes da PSP reportam avarias em carros patrulha em protesto que ganha dimensão nacional

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“Estou sempre ao lado dos polícias, tenho de estar”, sublinhou o diretor nacional da PSP, que falava aos jornalistas em Lamego. Um dos motivos apontados pelos agentes para avançar com este protesto é o diploma promulgado por Marcelo Rebelo de Sousa no final do ano passado, que prevê um aumento do subsídio de risco para a Polícia Judiciária e, sobre esta questão, Barros Correia admitiu que o aumento deveria estender-se a outras forças de segurança: “Fico muito satisfeito com aquilo que a PJ conseguiu e que isso tenha acontecido. E todos nós na PSP gostaríamos que isso acontecesse.”

“Nenhuma viatura pode circular sem ter as revisões”, diz ministro da Administração Interna

Já José Luís Carneiro, ministro da Administração Interna, que também fez declarações sobre estes protestos, referiu que, tal como Barros Correia, tem “estado sempre do lado dos polícias, o governo tem estado do lado dos polícias”, repetindo que, “para evitar a instrumentalização de setores, é muito importante saber que há um suplemento que varia entre os 292 e os 1143 euros” para as forças de segurança. “Da nossa parte, temos trabalho em curso para procurar melhorar ainda mais as condições remuneratórias dos policias”, acrescentou.

A prioridade, neste momento, disse José Luís Carneiro, “é renovar o parque automóvel das forças de segurança”, garantindo que “nenhuma viatura pode circular sem ter as revisões” em dia. “Não há nenhuma instrução para que conduzam viaturas sem que tenham a revisão realizada.” 

A comunicação de avarias nos carros patrulha impossibilitam a realização dos serviços, mas fonte da direção nacional da PSP garantiu ao Observador que “a nível de resposta policial, não ficou nada para trás”. “Ou por encaminhamento de outras esquadras, ou por resposta de forma apeada, mas não ficou nada por responder”, explicou esta fonte, acrescentando, no entanto, que o tempo de reação será “mais demorado”.

Na noite de domingo, um agente da PSP lançou um repto nas redes sociais com o objetivo de chamar a atenção para os problemas que os operacionais desta força de segurança enfrentam no dia a dia. A partir daí, foi ganhando força a ideia de comunicar aos serviços centrais da PSP a informação de que os carros patrulha não reúnem as condições de segurança necessárias para ser usados nos serviços. E o protesto começou a alastrar.

“A PJ quer fazer greve, é atendida. O SEF quer fazer greve, é atendido. Os únicos que não têm direito à greve somos nós”, desabafa fonte da PSP. Impedidos de realizar um protesto nesses termos, os agentes decidiram recorrer a este modelo, que na prática os impede de realizar serviços e que, esta segunda-feira, começou a generalizar-se um pouco por todo o país.